SIRICAIA, DOCE PORTUGUÊS QUE VEIO DA ÍNDIA

Siricaia

A siricaia, doce de origem indiana que veio para o Brasil via Portugal, na época da colonização, é uma amostra de como as colônias oriental e tropical portuguesas trocavam influências, via matriz. Mas essa saborosa sobremesa, que, segundo Câmara Cascudo, em texto escrito na década de 60, era popular no Brasil, hoje parece ter se perdido, pelo menos com esse nome, assim como aconteceu com sua receita original.
Tratava-se de uma espécie de creme ou manjar feito de leite, açúcar e ovos. As versões que derivam da original têm sempre um ponto em comum: o leite é fervido antes de serem acrescentados os demais ingredientes, a receita vai ao forno e tem consistência de creme. Câmara Cascudo mostra com sua pesquisa que a siricaia veio de Portugal. "A siricaia não é brasileira e sim portuguesa. Pelo menos veio de lá."
Pena que a tradição de comer a siricaia como se fazia nas Índias - e que ainda se mantém em Portugal - não se tenha perpetuado no Brasil. "A cozinha portuguesa salvou a receita do doce cinco vezes secular", diz Cascudo. Ele descreve em seu texto três versões do doce no Brasil: uma em Pelotas (RS), baseada no livro "Doces de Pelotas" (Porto Alegre, 1959), de Arminda Mendonça Detroyat, leva gemas, leite, clara, açúcar e manteiga, e é assada no forno; outra, na Bahia, leva, no lugar do açúcar, rapadura e baunilha, podendo-se usar leite de coco no lugar do leite, segundo Hildegardes Vianna, autora do livro "A Cozinha Baiana" (Salvador, 1955). A versão paulistana ele extraiu de "Cozinha Tradicional Paulista" (1963), de Jamile Japur: embebem-se fatias de pão no leite, alternam-se em camadas essas fatias de pão, polvilhadas com açúcar e canela, e fatias de queijo fresco, também polvilhadas. A última camada é de queijo. Cora-se ao forno. Para Cascudo, a receita de Pelotas era a que mais se aproximava da original. Aqui reproduzimos a receita que veio - via Portugal - de Goa.

Receita: Siricaia
Uma xícara de leite, 5 gemas de ovos, 1 colher (chá) de essência de baunilha, raspas de 1 limão e 3/4 de xícara (chá) de açúcar. Ferva o leite até engrossar e reserve. Em separado, misture as gemas, o açúcar, a baunilha e o limão. Adicione essa mistura ao leite fervido e despeje em tigelinhas ou em porções individuais. Leve ao forno fraco (120 oC a 150 oC) por cerca de meia hora.
Rendimento: 6 porções.
Receita adaptada e executada pela chef Heloísa Bacellar, da Escola- Atelier Gourmand, de São Paulo.

Texto de Guta Chaves publicado na revista "História Atual" ano II, edição 21 de julho de 2005. Adaptado e ilustrada para ser postado por Leopoldo Costa

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