BISTRÔ BAGATELLE DE NOVA YORK ABRE FILIAL EM SÃO PAULO


O Bagatelle chega à cidade com uma série de características que normalmente me despertam mais desconfiança do que entusiasmo. 


Como eles explicam, é um bistrô francês, mas sediado em Nova York. Já é uma rede, com casas em várias cidades americanas (e numa ilha britânica ao lado) e seu público é formado por celebridades do jet set (e quem disse que elas escolhem restaurantes pela comida?) e por turistas brasileiros (idem).

Na filial paulistana, a iluminação é clara e tranquila durante o dia, mas à noite vai diminuindo à medida em que o volume da música sobe (e vai ficando mais difícil prestar atenção à comida), como acontece em outros restaurantes voltados para um público de jovens endinheirados -mas não necessariamente de bom gosto.

Com tantas restrições em mente, confesso que a experiência de comer no Bagatelle foi mais positiva que o esperado. O cardápio não é muito longo, a cozinha não é tão sofisticada (apesar de insistir em usar derivados de trufas e oferecer uma porção milionária de caviar), mas em geral os pratos cumprem o que oferecem e são corretamente elaborados.

O restaurante nasceu em 2008 em Nova York, criado pelos franceses Aymeric Clemente e Remi Laba -com a filial de São Paulo, já são seis endereços. Aqui são vários os sócios, e a casa foi instalada no antigo ponto do Boa Bistrô, totalmente reformado e combinando móveis de bistrô com sofás de couro e lustres de cristal.

O cardápio foi criado pelo chef francês Romuald Jung e aqui no Brasil é tocado pelo brasileiro Gustavo Young, 29, que, após uma experiência internacional na Espanha (com passagem pelo Celler de Can Rocca), ficou uma temporada na matriz do Bagatelle treinando para a abertura da casa paulistana.

Com pendência para o sul da França, o menu do restaurante  (que tem uma versão mais resumida no almoço) tem entradas simpáticas -um tartar de filé com ovo de codorna e cebola, acompanhado de torrada com manteiga de trufa, uma porção de lulas empanadas com tomate confitado, bok choy (acelga chinesa) e manteiga maître d'hôtel ou um prato de nhoque bem leve, com molho de trufa negra (oferecido também em meia porção).

Os peixes são bem tratados (o do dia -no caso provado, um pargo- vem com purê de berinjela e "crisp" de alho-poró). As carnes não trazem novidade, mas respeitam os pontos pedidos (filé ao molho béarnaise com fritas e espinafre, carré de cordeiro em crosta de ervas com batata rústica e molho rôti).

E os ares tropicais surgem na sobremesa, com o vigoroso cheesecake de banana em crosta de gengibre, banana brûlée e calda toffee.

Texto de Josimar Melo publicado no caderno "Comida" da "Folha de S. Paulo" de 26 de dezembro de 2012 com o título de "Bistrô de NY abre filial e serve pratos franceses para endinheirados de SP" . Adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa.

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