FREGUESIA DO Ó


A Freguesia das antífonas

Mesmo quem não mora na capital paulista com certeza já se indagou algum dia: “Por que Freguesia do Ó”? A resposta começa, mas não termina, com a presença da Igreja na fundação de São Paulo, pelos padres jesuítas, há 450 anos. Muito ao contrário: essa influência só tende a crescer nos séculos seguintes, deixando marcas incorporadas desde cedo à vida da cidade. Exatamente como ocorreu com a Freguesia do Ó.
A palavra freguesia, nesse caso, equivale a povoação, do ponto de vista eclesiástico: no fundo, trata-se do conjunto dos paroquianos. O bairro teve início em 1610, com a construção de uma pequena capela pelo bandeirante Manuel Preto e sua mulher, Águeda Rodrigues. A igreja era chamada de Nossa Senhora da Expectação ou Esperança. Pouco depois da fundação, a capela já era conhecida como Nossa Senhora da Esperança do Ó, nome depois reduzido para Nossa Senhora do Ó. Daí a designação de Freguesia do Ó para o povoado.

Há duas versões, ambas coincidentes, para justificar o nome. Uma delas diz que o pároco da capela principiava a missa sempre com as invocações:
Ó Virgem Santa, 
Ó Santíssimo Sacramento, 
Ó Santa Mãe de Deus, 
Ó Nosso Senhor Jesus Cristo. 

A outra, mais provável, é que o nome deriva das orações cantadas às vésperas do Natal, que também começam com esse tipo de súplica:
Ó sabedoria, que saíste da boca do Altíssimo 
Ó Adonai, Senhor e condutor da Casa de Israel 
Ó Raiz de Jessé, que sois como o estandarte dos povos.

Essas preces, denominadas antífonas, teriam dado origem tanto ao nome do bairro como ao de outras localidades do Brasil chamadas de “Ó” ou “Nossa Senhora do Ó”.

Publicado na revista 'História Viva'. Adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa.

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