BRASIL CENTRAL PECUÁRIO
Expostas às características das zonas pastoris existentes até por volta de fins do século XVIII, cabe refletir acerca da posição ocupada pelo Brasil Central Pecuário. Num primeiro momento é necessário associá-la à zona pastoril sul mineira. Tal associação é em parte oportuna, podendo afirmar-se que o coração do Brasil Central Pecuário tem nas fazendas das Gerais seu lugar. Mas existe uma diferença latente entre as duas regiões pastoris: por Brasil Central Pecuário deve-se entender uma região que, constituída inicialmente no entorno da área mineradora, se estendeu especialmente a partir do comércio de gado destinado a abastecer a Corte estabelecida na cidade do Rio de Janeiro (1808). Ao longo dos séculos XIX e XX, esta região seria ainda ampliada, por conta das transformações advindas da riqueza cafeeira paulista, em destaque: o aumento do mercado-consumidor, a instauração de um discurso higienista, a ampliação das áreas urbanizadas e o estabelecimento das indústrias frigoríficas.
Ao descrever a vida na América Portuguesa, Fernando Novaes99 chama atenção para a irrisória quantidade de pessoas viventes num “território continente”, cuja composição física, vegetal e animal deslumbrava, atordoava e causava espanto. A imensidão territorial desta colônia portuguesa era responsável pela constante sensação de descontiguidade, vivida em grande escala por uma população em marcha, posto que marcada pela mobilidade, a dispersão e a instabilidade.100 Tal imensidão e marcha foram responsáveis por ritmos particulares e próprios de povoamento e sociabilidade, nos quais pesaram para sua composição vários fatores, caso das políticas da Coroa, da configuração geográfica (solo, clima, relevo), dos interesses econômicos e da diversidade étnica populacional. Brotou assim das ações humanas um painel diverso de povoamentos em que diversas também eram as atividades econômicas, as feições humanas ocupadas na faina da sobrevivência, os gestos das sociabilidades instauradas e a maneira de encarar a realidade circundante. Daí a caracterização do Brasil como uma colcha de retalhos, própria em salientar nossa riqueza cultural como povo, mas também impar em nos impor dificuldades enquanto sociedade.101
Nesta reflexão reside o mote desta parte do trabalho: deve-se pensar o Brasil como formação histórica significativamente caracterizada pela pluralidade. Há quase meio século atrás, Fernand Braudel102 alertou sobre a importância de levar em consideração os diversos ritmos da história. Partindo da idéia de que o tempo é uma medida que possui sua textura na composição de todo universo social, o autor do Mediterrâneo frisava a necessidade de avaliarmos a correspondência e vivência de vários tempos, num só tempo e ao mesmo tempo.103 Não obstante, levando em conta tal receituário historiográfico e considerando os elementos definidores das estruturas constituintes do período colonial, a intenção contida nessa parte do trabalho é a de melhor definir a constituição de uma região específica dentro desse quadro geral, denominada por Brasil Central Pecuário. Trata-se, então, de promover um recorte espacial, temporal e temático – como sempre faz o historiador, consciente ou não de suas atitudes -, por conta da intenção de melhor precisar uma região histórica e uma questão a responder.104
A razão de associar o coração do Brasil Central Pecuário ao sul das Gerais repousa nos argumentos e dados apresentados pela historiografia existente em torno da economia interna de abastecimento.105 Diferenças à parte (e elas existem), vários estudiosos apontaram a vitalidade do comércio de gêneros alimentícios existentes nas Minas Gerais desde o Oitocentos, desmanchando assim a imagem de que essa região foi marcada pelo marasmo após a decadência da extração aurífera. Foi preocupado com o abastecimento da própria província que o mineiro acabou produzindo um excedente que comporia as mercadorias responsáveis por mover um intrincado jogo de trocas. Tal questão não deve ser minorizada, se levarmos em conta que por abastecimento da própria capitânia considera-se, na verdade, a preocupação com a garantia de um expressivo contingente de pessoas, caso dos representantes da Coroa Portuguesa, dos trabalhadores ocupados na extração de metais preciosos, dos proprietários fundiários e membros da família e de homens vinculados às atividades de comércio e de transporte (tropeiros e peões).
Outros estudos mais recentes também contribuem no esclarecimento do vínculo existente entre a transformação do sul mineiro em grande centro comercial e a aquisição de poder políticos por parte dos proprietários e comerciantes ali estabelecidos. A “produção e distribuição de gêneros de primeira necessidade para o consumo interno" acabou por surtir outros efeitos que não àqueles ligados às finanças e ao dinheiro, pois a contar daí o grupo de proprietários vinculado ao circuito mercantil de alimentos “articulou-se politicamente em nível regional, e projetou-se no espaço da Corte"106. Desta feita, reconhece-se os ritmos e flutuações específicas da economia mercantil interna existente na América Portuguesa e com eles as estratégias sociais que moviam seus atores nas disputas políticas.107 Em boa medida, seria esse grupo o responsável por atender as necessidades de D. João VI e dos nobres lisboetas que o acompanharam ao Brasil, fundindo-se a esses na construção do que viria ser o Estado Nacional brasileiro.108
Foi nesse contexto, então, que para responder a demanda por bovinos e seus derivados foi constituído um imbricado jogo de trocas109, envolvendo várias localidades e capaz de compor uma teia de relações sócio-econômicas, que distribuía funções e ordenava espaços no Centro-Sul brasileiro. A tessitura desta teia oportunizou a constituição de um “circuito mercantil do boi”, responsável por impulsionar a economia desta região, outrora desligada dos distantes centros econômicos e políticos do país. Neste circuito existia uma troca superior, sofisticada, em que é possível detectar o “capitalismo propriamente dito”, posto que a sociedade que o abrigava possuía como característica maior o fato da economia “se aliar à necessidade de acumulação do poder, cálculos e especulação". Neste movimento surgiam outros tantos povoados e muito desses eram erigidos à condição de entrepostos, empórios e outras configurações constituintes de uma rede sertaneja integrada. As localidades dessa rede passaram a estarem associadas, embora muitas vezes em disputas por melhor colocação nesse circuito.
Diante disso, é licito afirmar que a compreensão deste “circuito mercantil do boi” envolvia um certo território, disposto de modo integrado, embora particularizado nas áreas que o compunha.110 Havia na constituição deste jogo de trocas uma “ponta”, pois é possível inicialmente identificar a atuação do “primeiro boiadeiro”, sujeito que comprava os bovinos nos centros de cria, localizados nos estados de Goiás, Mato Grosso e, até mesmo, Minas Gerais (áreas situadas no Norte) e os conduzia para as feiras de gado realizadas em cidades mineiras como Uberaba, Paracatu, Dores do Indaiá, Araxá, Três Corações do Rio Verde e Benfica. Nestas localidades, os animais eram adquiridos pelo “segundo boiadeiro”, ou seja, fazendeiros locais que se tornavam responsáveis pela engorda e pelo encaminhamento dos bovinos aos centros consumidores. De acordo com Orlando Valverde: “Do lugar onde nasceu até aí [mercado-consumidor], o boi efetua, em geral, de 40 a 90 “marchas”, de cerca de 4 léguas cada uma”.111
A linha desse comércio era mais ampla. O gado adquirido pelo “segundo boiadeiro” ainda permanecia em localidades situadas, majoritariamente, na província de Minas Gerais, embora prosseguisse rumando em direção ao Sul, mais precisamente para as províncias do Rio de Janeiro e de São Paulo. Todavia, esta marcha até os centros consumidores era longa demais para ser cumprida de modo ininterrupto, o que obrigava a constituição de um outro entreposto, situado entre os locais de cria dos animais e o mercado-consumidor. Ao explorar o segundo entreposto desta teia mercantil, nos deparamos com a existência de povoados em que os animais permaneciam recuperando força e peso, visando cumprir o último trecho da viagem. Tais povoados ainda eram situados na própria província de Minas Gerais (caso especial de São João Del Rei) ou, então, num momento posterior – princípio do século XIX - também na capitania de São Paulo (mais precisamente na região de Franca).
Neste último trecho da viagem os bovinos eram adquiridos pelo “terceiro boiadeiro”. Tratava-se de outro membro-componente deste circuito mercantil, que prosseguia na tarefa de preparar o gado fisicamente para a última etapa desta longa trajetória, recuperando-o mais uma vez do desgaste sofrido em suas marchas para conduzi-lo aos mercados consumidores. Para esse fim, contava o “terceiro boiadeiro” com condições favoráveis, como, por exemplo, a existência das “invernadas”, ou seja, pastarias normalmente formadas próximas do rio Grande (mais precisamente nos vales que o constituíam) e que eram compostas por gramíneas diversas, cujos ciclos eram complementares e o apreço pelos bovinos era grande. Cabia ao “terceiro boiadeiro” os maiores lucros, em virtude de promover a venda dos animais nos centros consumidores e a revenda de produtos indispensáveis (sal, pólvora, etc) a vida dos criadores e dois primeiros boiadeiros, anteriormente citados. Era o “terceiro boiadeiro”, diga-se, que punha em contato mundos tão distantes como eram o sertão e o litoral naquele tempo.
Não obstante, em muitos casos esse esquema contava ainda com o “quarto boiadeiro”. Tratava-se de um proprietário de terras situadas ao redor das cidades que constituíam o mercado consumidor de gado (Rio de Janeiro e São Paulo, particularmente) e/ou que detinham a posse dos açougues ou dos direitos de uso dos matadouros públicos. Associado diretamente ao consumidor, tais boiadeiros adquiriam as rezes nas pastagens pertencentes ao “terceiro boiadeiro” ou as recebia em suas posses. O sucesso de suas ações, porém, extrapolavam a competência necessária na compra e venda do gado, já que era também preciso que o marchante de carne verde soubesse tirar proveito de contatos com as autoridades públicas e se fazer presente, portanto, nos círculos constituintes do poder. Em alguns casos essa exigência era tão bem apreendida que gerava a constituição de monopólio no abastecimento de carne das grandes cidades, a despeito da melhor sorte dos pobres e a favor do próprio enriquecimento dos marchantes e das autoridades administrativas coniventes. No Rio de Janeiro do século XIX, por exemplo, várias são as queixas sobre os abusos cometidos por esses marchantes112.
A mineração havia gerado um adensamento populacional no centro-sul brasileiro inédito e responsável, entre outras coisas, pela organização de uma ampla rede de abastecimento interno, formada por mercadorias produzidas nas próprias Gerais, bem como trazidas de outras áreas do território brasileiro (caso de São Paulo e do Rio Grande do Sul).113 Após o esgotamento do ouro, houve a formação de um mercado consumidor de alimentos nas cidades que compunham o Quadrilátero Açucareiro (Itu, Campinas, Piracicaba e Porto Feliz)114 e na cidade do Rio de Janeiro(sede da corte portuguesa a partir de 1808).115 Graças a isso, teve início um processo de reversão no fluxo de pessoas e capitais: Minas Gerais passou a figurar não mais como ponto de chegada, mas sim como ponto de partida ou de passagem de tropas e carros de bois que rumavam em busca dos mencionados mercados-consumidores. Esta reversão no fluxo de pessoas e capitais acabou por provocar o nexo de espaços e de vidas do centro-sul brasileiro.
É por conta dessa reversão no fluxo de pessoas e capitais que o Brasil Central Pecuário possui no Brasil Caipira definido por Darcy Ribeiro116 um mesmo substrato geográfico e humano. Este Brasil Caipira desfruta de uma determinada configuração espacial, constituída em virtude de parte do território nacional ter sido formada por um processo histórico sensivelmente atrelado ao bandeirantismo e à mineração, eventos responsáveis pelo desenvolvimento de uma economia baseada num capitalismo mercantilista, que, mais tarde, se renderia ao cultivo cafeeiro, tornando-se assim uma região fortemente marcada pelos reflexos e efeitos da nova ordem econômica mundial. Em decorrência disso, essa região seria caracterizada pela existência de sociedades especialmente marcadas: (1) pela miscigenação entre brancos e indígenas; (2) por um imaginário afeito ao enriquecimento fácil e rápido (crença no Eldorado) e (3) por uma disposição política fundada num profundo senso de autonomia e altivez. É desta base histórica que se fez o Brasil Central Pecuário.
Contudo, se existe o mesmo referido substrato geográfico e humano entre o Brasil Caipira e o Brasil Central Pecuário, cabe refletir sobre a diferença que move a defesa do emprego do segundo termo neste trabalho. Pois bem, tal diferença - é preciso frisar - está pautada, especialmente, na escala de observação e no enfoque que balizam este trabalho. Esta grande ilha brasileira denominada Brasil Caipira é por si só complexa, tendo em vista que nela habitavam diversos tipos sociais, organizavam-se várias economias e existia certo número de ecossistemas.117 Optar pelo Brasil Central Pecuário implica em deter atenção na observação de um determinado aspecto desta grande paisagem: a sua composição por fazendas de criar, recriar e engordar, a presença dos campos e cerrados na constituição de sua natureza, bem como as ações de personagens pouco lembrados pela historiografia brasileira, caso dos peões, dos boiadeiros e dos invernistas, portanto, num modo de vida e numa cultura distintos.
Não rejeitei, portanto, a compreensão do Brasil Caipira. Tão somente escolhi narrar sua tessitura a partir de um determinado ponto de vista, composto pelo que identifiquei como Brasil Central Pecuário. Sendo assim, bandeirantismo, mineração, lavoura cafeeira e industrialização - eventos históricos marcantes no processo histórico de constituição do Brasil Caipira - são alvo de atenção, entretanto, os considero a partir da ligação que estabeleceram com a pecuária. Tal escolha é dotada de significação importante, porque cobre um tema negligenciado pelo próprio Darcy Ribeiro, que, filiado às concepções de Roberto Simonsen e de Celso Furtado118, abandonou a compreensão da pecuária, por entender que se tratava de uma economia fechada e circunscrita a pequenas regiões, voltada para a auto-suficiência, marcada por baixa produtividade e rentabilidade, em decorrência de mínima ou nenhuma utilização de mão-de-obra escrava, e, finalmente, por ser subsidiária na economia mercantil.
É preciso, porém, destacar que a tessitura territorial do Brasil Central Pecuário não seguiu uma única direção e nem tampouco obedeceu uma mesma conjuntura histórica. Ao longo do período que se estende do alvorecer do século XVIII e princípio do século XX, várias regiões que formavam o já descrito Brasil Caipira foram alcançadas por tropas, criadores e boiadas. Em linhas gerais, identifico seis frentes de avanço da economia mercantil do gado: sul mineiro, nordeste paulista, triângulo mineiro, sul goiano, sul de Mato Grosso e o noroeste paulista. São Paulo e Rio de Janeiro eram os grandes mercados-consumidores, responsáveis inicialmente por movimentar a atenção dos criadores e tropas. Ocorrências históricas possuem participação expressiva na tessitura desta teia comercial, caso da Guerra do Paraguai, da Primeira Guerra Mundial, da Instauração do Regime Republicano e da Abolição da Escravidão, entre outros. Tais nexos, porém, foram apagados ao longo do século XX, por conta dos efeitos advindos de novas vias de transporte (leia-se ferrovias e rodovias), das rearticulações imaginárias promovidas pelos meios de comunicação, etc.
Sendo assim, a compreensão do Brasil Central Pecuário envolve esforço de grande monta, expresso aqui em pequenas partes, de modo a constituir linhas gerais sobre o assunto. De qualquer forma, compreender a dinâmica envolvendo esta região por meio dos nexos temporais e espaciais que possuía gera a necessidade de rever a interpretação até então erigida sobre esse território. Como defendem acertadamente vários estudiosos119, a movimentação de fluxos de capitais por uma região provoca a rearticulação das áreas vizinhas, constituindo uma complexa rede de interdependência não apenas econômica, mas também cultural, social e política. Embora os nexos indicados existam até os dias atuais, o que se nota na maioria dos trabalhos existentes sobre as áreas que compunham o Brasil Central Pecuário é a atribuição de um peso demasiado ou praticamente exclusivo ao entendimento de fatores cujos efeitos repercutiram localmente, sendo as articulações que envolvem os lugares mencionados citados (quando são) apenas como pano de fundo. Evitar essa “miopia bairrista” foi, sem dúvida alguma, a motivação maior da organização da pesquisa sobre Barretos, localidade transformada em espécie de “mirante” desse Brasil Central Pecuário.
Finalizando essa parte do trabalho, cabe frisar que o termo Brasil Central Pecuário não é novo. O mesmo já é empregado há décadas por veterinários, agrônomos e administradores em geral ligados a órgãos governamentais como a Secretária de Agricultura, profissionais, diga-se de passagem, que por muito tempo discorreram sozinhos e ao seu modo sobre esse Brasil sertanejo das boiadas, dada a ausência dos historiadores nesse debate.120 Nas últimas décadas, o termo também foi utilizado por parte de estudiosos pertencentes ao campo da Geografia, ressaltando-se nesse caso os esforços de Armen Mamigonian e Miguel Benites, especialmente.121 Contudo, o tratamento dessa região ainda se ressente de uma abordagem que se paute por uma ambição mais totalizante, capaz de apresentar o entrelaçamento das esferas sociais, econômicas, políticas e culturais constituintes dessa realidade. Tendo em vista ser este o objetivo deste trabalho, posso afirmar ao lançar mão do termo Brasil Central Pecuário que se trata de empregar uma “velha expressão” segundo uma nova perspectiva.
Notas
99 NOVAIS, F. Condições da privacidade na colônia. In SOUZA, L. M. (org.) História da vida privada no Brasil: cotidiano e vida privada na América Portuguesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1999, vol.1, p.13-40.
100 SOUZA, L. M. Formas provisórias de existência: a vida cotidiana nos caminhos, nas fronteiras e nas fortificações. In SOUZA, L. M. (org.) História da vida privada no Brasil: cotidiano e vida privada na América Portuguesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1999, vol.1, p.41-82.
101 Além de algumas obras já citadas, destacam-se para reflexão sobre essa questão: FREYRE, G. Continente e ilha. In ___. Problemas brasileiros de antropologia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1962, p.28-39; JANCSÓ, I; PIMENTA, J. P. G. Peças de um mosaico (ou apontamentos para o estudo da emergência da identidade nacional brasileira) In MOTA, C. G. (org.) Viagem incompleta: a experiência brasileira 1500-2000 (formação: histórias). São Paulo: SENAC/SESC, 2000, p.127-176; MORAES, A C. R. Bases da formação territorial do Brasil. – o território colonial brasileiro no longo século XVI. São Paulo: Hucitec, 2000.
102 BRAUDEL, F. In História e ciências sociais: a longa duração. In Sobre história. Trad. Rui Nazaré. São Paulo: Perspectiva, 1978, p.41-77.
103 José Carlos Reis talvez tenha sido quem melhor explicitou a idéia braudeliana de que a multiplicidade temporal repousa na aglomeração dos códigos de sociabilidade e nos valores culturais de que os homens são portadores. REIS, J. C. Nouvelle Histoire e tempo histórico: a contribuição de Febrve, Bloch e Braudel. São Paulo: Ática, 1994, p..
104 Os annales promoveram um novo diálogo entre historiadores e geógrafos, oportunizando o aprofundamento da discussão da região enquanto construção espacial tributária da história. BURKE, P. A escola dos Annales (1929/1989) – a revolução francesa da historiografia. Trad. Nilo Odália. São Paulo: UNESP, 1997, p.25-27. Sobre a relação entre história e geografia, me vali das seguintes leituras: BRAUDEL, F. A identidade da França – espaço e história. Trad. Lygia Araújo Watanabe. Rio de Janeiro: Globo, 1989; DOSSE, F. O recurso geográfico dos historiadores. In História e ciências sociais. Trad. Fernanda Abreu. Bauru: EDUSC, 2004, p.115-148.
105 SLENES, R. W. Os múltiplos de porcos e diamantes: a economia escravista de Minas Gerais no século XIX. Cadernos IFCH-UNICAMP nº 17, Campinas, junho, 1985. MARTINS, R. B. A indústria têxtil doméstica em Minas Gerais no século XIX. In CEDEPLAR, Seminário sobre a economia mineira II. Diamantina, 1983; MAXWELL, K. A devassa da devassa - A inconfidência mineira: Brasil e Portugal (1750/1808). Trad João Maia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985; MARTINS, R. B. A economia escravista de Minas Gerais no século XIX. Texto para discussão nº 10. Belo Horizonte: CEDEPLAR, 1982; MARTINS, R. B. Minas Gerais, século XIX: tráfico e apego à escravidão numa economia não-exportadora. Estudos econômicos. v.13, n.1, p.181-209, jan./abr., 1983; MARTINS FILHO, A; MARTINS, R. B. A escravidão numa economia não-exportadora: novas perspectivas sobre Minas Gerais no século XIX. Cadernos IFCHUNICAMP nº 17. Campinhas, julho, 1985; SOUZA, L. M. Desclassificados do ouro. Rio de Janeiro: Graal, 1982.
106 LENHARO, A. As tropas da moderação: o abastecimento da Corte na formação da política do Brasil, 1808-1842. São Paulo: Símbolo, 1979; LENHARO, A. Rota Menor: o movimento da economia mercantil de subsistência do Centro-Sul do Brasil, 1808-1831. Anais do Museu Paulista. v. XXIII, 1977/8, p.29-49. 107 Poucos se dedicaram tanto a essa questão como: FRAGOSO, J. L. R. Homens de grossa ventura.. Op. Cit.
108 MALERBA, J. O cetro e a bolsa. In A corte no exílio: civilização e poder no Brasil às vésperas da Independência (1808 a 1821). São Paulo: Companhia das Letras, p.197-229; DIAS. M. O. L. S. A interiorização da metrópole. São Paulo: Alameda, 2006.
109 Deve-se atentar para o conceito de jogo das trocas, pois ele pressupõe uma rede hierarquizada de localidades e/ou regiões, por conseguinte, uma rede hierarquizada de pessoas cumprindo certas tarefas nesta rede. Este é um dos conceitos que permitiram a Fernand Braudel promover um rico diálogo entre espaço, tempo, sociedade e cultura. A contar do jogo das trocas é possível pensar os centros hegemônicos de determinadas “economias-mundo”. Verificar: BRAUDEL, F. Civilização material, economia e capitalismo, século XV-XVIII: o jogo das trocas. Trad. Telma Costa. São Paulo: Martins Fontes, 1998 (Vol.2); BRAUDEL, F. Civilização material, economia e capitalismo, século XVXVIII: o tempo do mundo. Trad. Telma Costa. São Paulo: Martins Fontes, 1998 (Vol.3).
110 Sigo aqui, em boa medida, a descrição presente em: GOULART, J. A. Brasil: do boi e do couro. Rio de Janeiro: Edições GRD, 1965, p.106-109.
111 VALVERDE, O. Geografia da pecuária no Brasil. In ___. Estudos de geografia agrária brasileira... Op. Cit., p.212.
112 Cf LINHARES, M. Y. O problema do abastecimento numa perspectivas histórica (1530-1918)... Op. Cit.
113 ZAMELLA, M. P. O abastecimento da capitania das Minas Gerais no século XVIII. São Paulo: Hucitec/Edusp, 1990; ANTONIL, A. J. Cultura e opulência do Brasil. São Paulo: Nacional, 1967; LIMA JÚNIOR, A. A capitania das Minas Gerais. Belo Horizonte: Itatiaia, São Paulo: Universidade de São Paulo, 1978; ELLIS, M. Contribuição ao estudo do abastecimento das áreas mineradoras do Brasil no século XVIII. Rio de Janeiro: MEC, 1960.
114 PETRONE, M. T. S. A lavoura canavieira em São Paulo: expansão e declínio (1765-1851). São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1968.
115 De acordo com Lucila Brioschi: “A nova conjuntura colonial do início do século XIX propiciou mudanças significativas em todo o programa econômico do Centro-Sul brasileiro. O crescimento econômico e demográfico da Capital da Colônia, após a chegada da família real portuguesa, a intensificação das atividades produtivas e a dinamização do comércio inter-Capitanias, criam as condições para a integração mercantil do Centro-Sul, com reflexos no desenvolvimento econômico, social e político de suas Capitanias e posteriormente, Províncias.” BRIOSCHI, L. R. Fazendas de criar. IN BACELLAR, C. A. P. & BRIOSCHI, L. R. (orgs.). Na estrada do Anhanguera: uma visão regional da história paulista. São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 1999, p.56. Sobre o comércio de alimentos envolvendo o abastecimento da cidade do Rio de Janeiro existe vasta bibliografia: LAPA, J. R. A. O antigo sistema colonial. São Paulo: Brasiliense, 1982; LENHARO, A. As tropas da moderação... Op. Cit.
116 A delimitação geográfica do Brasil Caipira foi explicitada na Introdução desse Trabalho e foi empreendida por: RIBEIRO, D. Brasil Caipira. In O povo brasileiro... Op. cit, p.364-407.
117 Idem.
118 SIMONSEN, R. História econômica do Brasil 1500-1820. São Paulo: Nacional, 1969. FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1980.
Texto de Humberto Perinelli Neto em "Nos Quintais do Brasil: Homens, Pecuária, Complexo Cafeeiro e Modernidade - Barretos (1854/1931). Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Faculdade de História, Direito e Serviço Social, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Franca SP, 2009, excertos pp.46-53. Digitalizado, adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa.
0 Response to "BRASIL CENTRAL PECUÁRIO"
Post a Comment