INTERIORIZAÇÃO DOS BOVINOS NO BRASIL COLÔNIA
Com a crescente ocupação de terras e o fortalecimento da economia no litoral, a interiorização rumo ao Brasil Central e Nordeste era questão de tempo. Entre os séculos XVII e XVIII, a introdução e disseminação de gado eram correlatas ao crescente populacional humano e à busca por áreas de mineração. A busca por minérios e a captura de índios foram catalisadores do processo de interiorização dos rebanhos bovinos no Brasil Colônia. Contudo, a atividade pecuária só teria maior parte nesse fenômeno com o colapso da indústria mineradora. A tendência da época era a criação de gado rumo ao interior e a produção de açúcar na região litorânea. A bovinocultura seria, portanto, uma economia secundária, mais atuante na infiltração e conquista do território desconhecido. Essa característica coadjuvante da pecuária na história de colonizaçãofoi identificada não somente quando comparada com a produção de açúcar e exploração de minérios, mas também com o desbravamento em si, com o tráfico de escravos e as estratégias de catequização de índios. Todavia, a pecuária era uma importante fonte de proteína animal nos engenhos de açúcar, e viabilizava a dura jornada dos bandeirantes. Destaca-se aqui a carne seca, carne de sol, carne em conserva e paçoca. A interiorização de povoados e rebanhos foi marcada pelas condições precárias de acesso e transporte, agravadas pela aspereza da Serra do Mar que dividia o litoral e o planalto.
As raças locais que se encontram em risco de extinção são a Curraleiro Pé-Duro, a Pantaneira, o Crioulo Lageano e a Mocho Nacional. O gado Curraleiro Pé-Duro, adaptou-se as regiões de clima quente e seco do Centro-Oeste e Nordeste, sendo, portanto, muito rústico e resistente. O gado Pantaneiro desenvolveu-se no Pantanal do Mato Grosso e Mato-Grosso do Sul e foi decisivo para a ocupação das extensas áreas alagáveis dessa região. O Crioulo Lageano, habitante do sul do Brasil, adaptou-se às variações climáticas características da região, que correspondem a extremos de frio e calor. Acredita-se que a raça Mocho Nacional tenha surgido no estado de Goiás, no entanto também podia ser encontrada em São Paulo e Minas Gerais. Embora alguns estudiosos sugiram que o caráter mocho tenha surgido em decorrência de mutações no Caracu, considera-se esta hipótese pouco provável. A semelhança fenotípica da raça Mocho Nacional com a raça Caracu fez com que atualmente essa raça esteja sendo registrada pela Associação do Caracu, como “Caracu Variedade Mocha”. Apesar da semelhança fenotípica, os resultados das avaliações genéticas demonstraram que essas duas raças são geneticamente distintas.
Texto de Marcelo Corrêa da Silva,Vanda Maria Boaventura e Maria Clorinda Soares Fioravanti publicado na Revista UFG, dezembro de 2012, nº 13 com o título de "História do Povoamento Bovino no Brasil Central" excertos da pp.36-37. Adaptado e ilustrado para ser postada por Leopoldo Costa
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