OS CITAS



Pouco referido nos anais históricos, por vezes até encoberto por algum desinteresse acadêmico, a civilização dos Citas, cuja localização seria na chamada Eurásia, um conjunto geográfico que englobaria a Europa e a Ásia, seria de origem iraniana. Desde os Montes Altai, até a zona fronteiriça da Mongólia, China e Rússia, passando pela atual Bulgária, eram vastos os seus territórios. Ainda assim, pouco se sabe sobre as suas origens.



Por assim dizer os Citas eram “uma das civilizações mais misteriosas e fascinantes do passado, que nunca teve escrita e, portanto, documentação histórica”, tendo florescido “na vasta região das estepes asiáticas, entre a Europa e a China, numa época que teve os seus inícios por volta do século VII a.C. e o seu termo pelas proximidades do século II d.C. Os protagonistas de tais civilizações são geralmente conhecidos com o nome de Citas, que lhes foi dado por Heródoto: nome, aliás, que não é único, como veremos, e não afastado de complexos problemas. A principal razão por que os Citas impressionaram a fantasia dos antigos, como ainda impressionam a dos contemporâneos, é a sua arte, grandiosa e bárbara ao mesmo tempo. Com uma extraordinária profusão de ouro, mas utilizando igualmente a prata como a madeira, o osso como o couro e as pedras preciosas, representam em imagens vivas principalmente animais: veados, cavalos, grifos, javalis, ora isolados ora em conjunto com o homem que os acompanha ou os doma.”

Compostos por grupos de nômades, nomeadamente pastores, os citas apostavam, então, na arte, como vimos anteriormente, mas também na arquitetura, especificamente no campo sepulcral.

Basicamente, utilizavam um estilo simbólico, em que o recinto maior deveria abrigar o seu líder máximo, no caso um rei, enquanto que os espaços menores deveriam acolher os restos mortais do séquito que o acompanharia em vida. O interior dos túmulos vem ainda repleto de jóias, demonstrando que acreditariam numa vida para lá da morte, tema recorrente em múltiplas sociedades da antiguidade.

Instituiu-se, então, “que dizer Citas é fazer referência a um nome coletivo usado por uma multidão de tribos, que só os Gregos designavam por Citase os Iranianos de outro modo, mas que embora não homogêneos, tinham uma cultura comum: e tanto isto é verdade que quando no final surgem os Sármatas e destroem ou suplantam os Citas, as produções artísticas, que se encontraram nos túmulos, não se diferenciavam da dos Citas senão pela inevitável mudança no tempo, não por uma elaboração figurativa diferente da conhecida na arte cita. A qual se discute ainda se teria nascido na Sibéria ou nas proximidades da Ásia Menor.”

O termo Cítia parece significar “atirar ou arremessar” se levarmos em conta a probabilidade de ligação entre o nome hebraico ashkenaz e a hipotética palavra iraniana skuza. Seja como for, esta civilização nada tem de mitológica sendo, acima de tudo, um grupo de guerreiros que levavam a sua vida em treino paramilitar e que eram contratados como mercenários por outras culturas mais abastadas.

Ora, a própria Bíblia faz efetiva referência da existência de Cítia, mais concretamente no livro de Ezequiel, se conseguirmos efetuar a união etimológica proposta pelo famoso historiador, de origem judaica, Flávio Josefo. É com Josefo que conseguimos associar o nome hebraico Magogue, cuja referência é um fato em termos bíblicos, com os Citas, tendo em conta que esta era a denominação usualmente empregada pelos antigos gregos quando pretendiam falar dos magoguenses.

Essencialmente, os cítios eram, em termos bíblicos, conotados como inimigos do povo de Israel. Além disso, o seu desaparecimento pode não ter sido total, levando em conta a ideia, comumente aceita, aliás, pela grande maioria dos historiadores, de terem os Hunos sido descendentes dos nômades Citas, fato que muitos vislumbram, sobretudo, no porte atlético e na excelência guerreira desta nova cultura dos hunos cujo líder mais famoso foi, sem sombra de dúvida, Átila.

De Pedro Silva em "As Maiores Civilizações da História", Universo dos Livros, São paulo, 2008. Adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa.

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