NEM CHURRASCO DA COPA SALVA FRIGORÍFICOS DE QUEDA DE VENDAS


Preço alto já inibe consumo e leva varejo a apostar em promoções

Nem o esperado churrasco da Copa do Mundo evitou uma queda nas vendas de carne bovina, provocada pelo preço alto dessa proteína — em 12 meses, o valor nos frigoríficos subiu mais de 20%.

Uma das apostas dos supermercados para o Mundial, as vendas de carnes decepcionaram. Ainda não foram divulgados dados sobre o comportamento do consumo durante a Copa, mas a Folha apurou com fontes do setor que o volume de vendas dos frigoríficos caiu entre 20% e 30%, na média semanal, ante o mesmo período de 2013.

Os cortes para churrasco foram de fato mais procurados, porém uma forte queda nos cortes mais simples, presentes na rotina dos brasileiros, não compensou o bom desempenho da picanha.

A baixa demanda no chamado “food service” (restaurantes e cozinhas industriais) também teve contribuição relevante para o tombo nas vendas.

O alto número de feriados ou a dispensa do trabalho para assistir aos jogos do Brasil reduziram a demanda desse tipo de comprador.

No varejo, a explicação para a queda nas vendas é a mudança no hábito alimentar do brasileiro,que trocou o arroz, o feijão e o bife pelas festas durante a Copa.

Segundo distribuidores de alimentos e analistas que acompanham esses setores, as vendas de arroz e de feijão acompanharam o tombo das carnes e caíram cerca de 30% na Copa ante igual intervalo de 2013 — em alguns casos, o recuo chegou a ser maior.

PREÇO

Com a demanda por carnes superestimada, varejistas encerraram a Copa com estoques altos. Não por acaso, supermercados e açougues fizeram promoções na semana após o final do evento. As ações tiveram reflexo nos preços. Entre 11 e 17 de julho, a carne bovina (corte traseiro, de primeira) foi o produto que mais contribuiu para a queda de 1,18% da cesta básica em São Paulo, segundo o Procon-SP. Só naquela semana,o valor médio da carne bovina caiu 0,55%. Na última semana, encerrada em 24 de julho, mais uma queda: - 0,42%.

O IPC da Fipe, que também mede os preços em São Paulo, confirmou a tendência: a carne bovina caiu 2,5% em junho e 1,1% em julho (na terceira quadrissemana).

“A alta no preço da carne tem limite, porque o consumidor tem alternativas para substitui-la, como o frango”, afirma Salomão Quadros, pesquisador da FGV responsável pelo IGP-M, que apontou a alta de 20,6% da carne nos frigoríficos em 12 meses.

“O preço é o maior fator de influência para o consumidor no momento da compra”,diz Péricles Salazar, presidente da Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos).

Para Quadros,a aceleração dos preços no atacado ensaia uma parada. Na segunda prévia de julho do IGP-M, a carne bovina recuou 0,09%. Consultorias especializadas já apontam uma queda mais significativa no atacado, entre 1% e 2% neste mês, em comparação com junho.

NO CAMPO

A menor demanda já afeta até as negociações no campo. Na semana passada, o preço do boi gordo caiu 1%, para R$119 por arroba em São Paulo, segundo a InformaEconomics FNP, consultoria especializada no setor.

“O fraco consumo interno faz com que os frigoríficos, sem pressa para comprar a matéria-prima, pressionem mais as negociações com os pecuaristas para obter preços menores”, diz José Vicente Ferraz, diretor da Informa.

Influenciado pelo consumo interno aquecido e pelo bom desempenho das exportações, o boi gordo também vem de uma sequência de alta no preço: 17% em 12 meses, segundo a Informa.

Texto de Tatiana Freitas publicado na "Folha de S. Paulo" de 27 de julho de 2014. Adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa.

0 Response to "NEM CHURRASCO DA COPA SALVA FRIGORÍFICOS DE QUEDA DE VENDAS"

Post a Comment

Iklan Atas Artikel

Iklan Tengah Artikel 1

Iklan Tengah Artikel 2

Iklan Bawah Artikel