2014 - MELHORES RESTAURANTES DE SÃO PAULO


1. MELHOR RESTAURANTE: D.O.M. & FASANO (Datafolha), MANI (Juri)


D.O.M (Por Ana Paula Boni)

Tem chef que se dá por satisfeito fazendo boa comida todo dia. E tem aquele que ainda luta por suas causas enquanto mexe a panela. Tem o que percorre a cidade em busca de ingredientes. E o que vai à Amazônia conhecer o que o Brasil selvagem tem a oferecer. E lança pratos que depois serão copiados. E ganha prêmios por sua competência.

Alex Atala é tudo isso. Pesquisa, cozinha, promove produtores e posa para fotos. Serve pato confitado, mas também filhote, tapioca, priprioca, tucupi.

O pé enraizado no Brasil é tipo o salão: ao centro tem um enorme lustre francês Baccarat, desenhado por Phillipe Starck e refinado como sua clientela. Mas quem chama a atenção é a canoa de madeira surrada trazida da Amazônia — e que combina mais com a comida e a alma do chef.

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FASANO (Por Lulie Macedo)

Quem elege o Fasano o melhor restaurante da cidade todos os anos não é sua clientela exclusiva nem o júri formado por foodies e especialistas. É o público ouvido pelo Datafolha.

O sujeito pode almoçar no quilo todos os dias, mas, para ele, bom é o Fasano, ainda que nunca tenha pisado o mármore negro francês do restaurante dos Jardins.

Dominar o imaginário popular e se tornar top of mind em sua categoria não é para qualquer um. Ao construir sua marca a partir da excelência, o Fasano detém, há anos, o bônus de ocupar o olimpo da gastronomia paulistana e o ônus de não poder errar.

De um jantar ali espera-se nada além do primor — paga-se bem por isso. Do balé de maîtres e garçons à comida, tudo parece orquestrado para ser impecável. E é.

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MANI (Por Sérgio Dávila)

Há alguns anos, num jantar de amigos, a comida servida pelo “catering” chamou a atenção tanto pela qualidade quanto pela originalidade. Tinha sido feita por uma jovem cozinheira e era servida por sua amiga, recém-chegadas a São Paulo, vindas do Rio Grande do Sul.

Eram Helena Rizzo e Fernanda Lima, hoje respectivamente melhor chef feminina do mundo segundo a revista “Restaurant” e apresentadora global — e sócias no Maní.

Helena não perdeu a simplicidade de então nem a originalidade na cozinha. Do pirulito de parmesão ao fideuá de lagostins e “O Ovo” da sobremesa (sorvete de gemada, espuma de coco e coquinhos crocantes), tudo é muito bom, muito frequentemente. Tem cada vez mais fila,mas deve abrir filial no shopping Iguatemi.


2. MELHOR RESTAURANTE A QUE VOCÊ JÁ FOI: A FIGUEIRA RUBAIYAT & BABY BEEF RUBAIYAT (Datafolha)


A FIGUEIRA RUBAIYAT & BABY BEEF RUBAIYAT (Por Fábio Zanini)

Sua Excelência, a carne,preside A Figueira Rubaiyat e seu primo, o Baby Beef. Na unidade da Haddock Lobo, a centenária figueira quase faz sombra à razão de ser do restaurante, a carne suculenta e macia. Uma Ferrari estacionada na porta avisa que o lugar é caro e até se diverte com isso.

Um dos pratos tem o nome de Filet Mignon de Pedreiro, a R$ 99.

No Baby Beef, a atração é o bufê, que culmina numa poderosa grelha onde nacos de picanha, chouriço e o corte que dá nome à casa são assados na hora. Havia também uns camarões, que pareciam ótimos, mas, perto da fartura bovina, confesso que não dei bola.


3. MELHOR BRASILEIRO: MOCOTÓ (Datafolha), TORDESILHAS (Juri)


MOCOTÓ (Por Fabio Victor)

Sim, o Mocotó merece tudo de bom que se fala a seu respeito. É um raro restaurante nordestino em São Paulo que satisfaz tanto quem busca tradição quanto os que preferem releituras, no caso as de Rodrigo Oliveira, o filho paulistano do retirante pernambucano Zé Almeida, criador da bodega onde tudo começou.

No time “de raiz” estão sarapatel, carne de sol de verdade e cartola — sobremesa com banana frita e queijo. Entre as invenções há dadinhos de tapioca, chips de mandioca e sorvete de cachaça. Como o preço também é bom, a classe média de toda São Paulo descobriu a Vila Medeiros. O resultado são filas de doer,que nos fins de semana causam até quatro horas de espera.

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TORDESILHAS (Por Marília Miragaia)

Contou certa vez Mara Salles que, há tempos, quando recebeu seu primeiro pirarucu, não sabia prepará-lo. E mais, o cheiro intenso do peixe seco a fez pensar que o produto já não estava bom. Mas estava, era preciso saber lidar com ele.

Aprendeu quase sozinha: visitou comunidades, viu o preparo tradicional dos interiores e deu trato profissional a eles.

Hoje, serve-os com (muito) esmero, ao lado de outros produtos nacionais, como em um lar. Ali, vemos a cortesia de Zé Lima, mestre-pimenteiro que sabe adivinhar o que será de nossa preferência, fazendo-nos sentir parte dessa casa. Uma casa brasileira.


4. MELHOR CHURRASCARIA: FOGO DE CHÃO (Datafolha), VARANDA (Juri)


FOGO DE CHÃO (Por Leonardo Cruz)

O que faz o Fogo de Chão ser eleito a melhor churrascaria pelo quarto ano seguido? A razão central e óbvia é a qualidade de seus cortes. Basta provar um pedaço de fraldinha para entender que a casa trata com carinho os carnívoros insaciáveis.

A excelência se repete nos adereços (como o levíssimo bolinho de mandioca), no bufê de saladas (com palmitos gordos, macios, exuberantes, pornográficos) e na parruda carta de vinhos.

A razão menos óbvia é um intenso trabalho de marketing, que cravou na mente dos paulistanos o Fogo de Chão como sinônimo de rodízio de primeira.

É a força da marca que permite à rede cobrar preços tão gordos e pornográficos quanto seus palmitos.

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VARANDA (Por Marcelo Quaz)

À espera da sua mesa, imagine um bife. Melhor, pense num bifaço, delicioso e suculento, que assim será. Até porque, é bom saber, a carne é cara na melhor churrascaria da cidade. À la carte, cortes, como os da raça wagyu, ultrapassam R$ 200. Mas não pense nisso. Apenas pense grande.

À mesa, repare no desfile internacional: um t-bone americano que vem, uma picanha brasileira que vai, um chorizo argentino que atravessa. Acompanhamentos? Arroz biro-biro com farofa Varanda. “Dois está ótimo”, garante o garçom.

Agora é fazer o pedido e abrir um vinho. A sua hora vai chegar. Daí para frente, só comendo.


5. MELHOR ITALIANO: FAMIGLIA MANCINI (Datafolha), ATTIMO (Juri)


FAMIGLIA MANCINI (Por Adriana Kuchler)

Famiglia Mancini, fartura é teu nome do meio. Tanto que meu prato, um abundante fettuccine com camarões que parecia caro, acabou saindo em conta — já que se multiplicou, na minha casa, em três outras refeições.

Por lá, levar quentinha não é nada embaraçoso. Faz parte da brincadeira que há 34 anos atrai famílias, turistas e famosos a comer massas com muito molho e nenhuma frescura na clássica cantina.

Se decidir se esbaldar na mesa de antepastos, cuidado! Entre uma infinidade de queijos, lulas e azeitonas, periga não sobrar espaço na pança para o prato principal. Dica: almoce às 17h e evite filas-monstro.

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ATTIMO (Por Ana Estela de Sousa Pinto)

O mais divertido nesta indicação é que o Attimo não é italiano. Para os donos, é ítalo-caipira. No ambiente, é paulistano, bem Vila Nova Conceição. Na música, classicamente caipira. No cardápio, eclético, como toda cozinha criativa que se propõe a misturar tradições.

O couvert casa pururuca com mortadela. Nas entradas, cuscuz de porco com farinha de milho convive com pamonha. E abaixo do risoto de funghi vem um belo arroz com galinha d’angola.

As massas frescas, suaves, essas, sim, remetem à Itália. Para fazer jus à influência, peça o raviolini de camarões e lagostins e termine mergulhando pedaços de pão italiano no generoso molho bisque.


6. MELHOR PIZZARIA: 1900 & BRÁZ (Datafolha), BRÁZ (Juri)


1900 (Por Maria Luísa Barsanelli)

O ambiente aconchegante de casarão contribui para o clima de refeição em família.

O ar rústico aparece nas sete casas da rede. Elas seguem o exemplo da matriz, localizada num imóvel do início do século 20 na Vila Mariana — daí o nome 1900.

Não há surpresas entre as coberturas. Mas é possível escolher uma das mais de 40 variedades, divididas em três categorias: tradicionais, light ou especiais.

Aqui, o destaque são as massas, que também podem vir na versão integral. Macias, desfazem-se na boca.

Quando chegam à mesa, convidam a azeitar sua borda e comê-la pura, sujando de farinha o canto da boca. Tudo bem, afinal estamos em família.

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BRÁZ (Por João Wainer)

Se uma pizzaria paulistana ganha tantas vezes seguidas o prêmio de melhor da cidade que é considerada a capital da pizza no país, é porque alguma coisa de especial ela tem.

Para acertar o ponto da pizza, a Bráz aposta numa combinação quase sempre infalível: os melhores ingredientes, cardápio que mistura receitas clássicas com inovadoras e um serviço de primeira no salão.

A simplicidade aliada à qualidade faz com que a experiência da pizza seja autêntica e proveitosa. Mas tudo isso tem um preço — que pode ser tão salgado quanto o pão de calabresa servido como entrada no já tradicional restaurante.


7. MELHOR ÁRABE: ALMANARA (Datafolha), ARABIA (Juri)


ALMANARA (Por Danielle Nagase)

Na rua Oscar Freire, é uma das poucas casas da marca a se aventurar pelas ruas — a maioria está em shoppings, salvo a matriz do Centro. Tem, aliás, a metade dos anos da matriarca (de 1950), mas, apesar da pouca idade, segue à risca a tradição libanesa.

Na cozinha, não cabem invencionices: esfirra só de carne e de verdura, e os pratos têm um só tamanho e ponto.

Comece pela mezze, com homus, coalhada e baba ghanoush. À mesa, azeite para regar à vontade. Já o pão sírio, “peça um por vez pra comer quentinho”, sugere o garçom de gravata borboleta.

O quibe cru tem trigo na medida e, entre os grelhados no espeto, “a cafta é certamente o melhor, senhorita”.

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ARABIA (Por Naief Haddad)

As sobremesas encerram a refeição. Mas, neste texto, os doces virão em primeiro lugar. Na verdade, “o” doce.

O knefe é um dos motivos que fazem do Arabia o melhor árabe de São Paulo. A massa crocante de cabelinho de anjo, com creme de nata e pistache, contrapõe texturas e sabores de modo raramente visto na confeitaria libanesa.

Mas nem pense em ir direto às sobremesas. O michui de cordeiro o fará esquecer qualquer outro espetinho de carne da cidade.

Para quem busca originalidade, vá numa quarta-feira comer fundo de alcachofra com recheio de carne e snoubar (ou pinoli),coberto com molho de coalhada e hortelã seca.


8. MELHOR JAPONÊS: AOYAMA & MORI (Datafolha), AIZOMÊ (Juri)


AOYAMA & MORI (Por Bel Freire)

A gente gosta de rodízio. Adotamos o sistema do churrasco à pizza e, hoje, são os japoneses que dominam a cena do “à vontade”. Desconfio que, diferentemente de seus antecessores, o êxito dos nipônicos tem mais a ver com variedade do que com quantidade.

Escolher pratos que não conhecemos pode ser intimidador, enquanto recebê-los em pequenas porções dá a chance de provar novos sabores sem pressão.

E nisso as duas casas se sobressaem, servindo combinações inusitadas como o sushi flambado com licor de laranja do Mori ou o sushi de salmão e abacaxi do Aoyama.

Claro, o ambiente moderninho e repleto de gente bonita das duas casas também contribui para o sucesso.

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AIZOMÊ (Por Alcino Leite Neto)

Em devaneios sobre a vida futura no paraíso, fico imaginando que culinária eu degustaria por toda a eternidade. E uma delas acaba se impondo: a japonesa. Se, além disso, fosse-me dada a chance de escolher os chefs eternos, elegeria Shinya Koike e Telma Shiraishi, do Aizomê.

O restaurante repete a ambiência ascética e polida das casas japonesas tradicionais. O cardápio, porém, é cheio de surpresas, com mutações autorais e sensuais da culinária clássica, como as servidas no menu-degustação, com nove pratos divinos por R$ 190.

No paraíso, é claro, a degustação duraria para sempre — e eu não gastaria um tostão.


9. MELHOR NOVIDADE: TRATTORIA (Datafolha)


TRATTORIA (Por Vinicius Torres Freire)

O restaurante tem pratos de cantina; é uma trattoria, o que para um paulistano sugere comida caseira, excessos de porções e informalidades. Mas também é Fasano. Tudo bem-feito, com receitas passadas a limpo, desavacalhadas, e ingredientes excelentes.

O ambiente é aquele “clean” paulistano, talvez demais. A cozinha é de Roma para baixo, com uma coisinha genovesa e outra toscana, tem polpettone e carbonara. O bucattini vem com guanciale (papada curada), bom,mas sem pedações de carne, “clean”.

Tudo é agradável, mas há dissonância entre lugar e comida, prato e preço: R$ 40 por antepastos míni, uns R$ 60 pelas massas e R$ 70 para os principais. Ótimo, mas consuma com moderação.


10. MELHOR AMBIENTE: CHOU & SPOT (Datafolha)


CHOU & SPOT (Por Denise Chiarato)

O Spot e o Chou, por motivos distintos, valem o lugar. O Spot, no coração da avenida Paulista, é sempre lotado, com mesas espremidas onde todo mundo ouve todo mundo e vê todo mundo.

Já o Chou fica em Pinheiros, numa casa estilo de vó com um quintal super-agradável, com uma horta e banquinhos de madeira. Ao contrário do Spot, está mais para quem já está acompanhado do que para quem espera encontrar alguém.

Em comum, a comida é boa: no Chou, a carne é o carro-chefe e há uma ampla carta de vinhos; no Spot, a dica é o penne oriental. Mas, antes, comece pelo bar. Até porque você vai ter de esperar. Ah se vai...


11. MELHOR PORTUGUÊS: A BELA SINTRA (Datafolha)


A BELA SINTRA (Por Manuel da Costa Pinto)

A casa comandada pela chef alentejana Ilda Vinagre conquistou prestígio com uma cozinha que está entre o tradicional e o moderno.

Receitas clássicas — arroz de polvo, açorda de bacalhau, bacalhau à lagareiro — estão ao lado de criações mais pessoais, como o pato com molho de framboesa. Em todos, uma leveza que preserva o fundo rústico da cozinha portuguesa, presente nas entradas e nos doces conventuais.

O ambiente sofisticado e os preços elevados (vinhos portugueses com raras opções por menos de R$ 150) correspondem à excelência da gastronomia, porém preservando a cortesia e a hospitalidade lusitanas.


12. MELHOR FRANCÊS: ICI BISTRÔ (Datafolha)


ICI BISTRÔ (Por Cassiano Elek Machado)

Mais fininhas que qualquer mindinho, nem por isso frágeis. Chegam à mesa com a dupla de atributos que boa parte dos alimentos almeja: crocantes por fora, macias por dentro. Acomodam-se bagunçadamente elegantes numa taça metálica.

Exibem pedacinhos de sua casca marrom, cortadas que são à moda “alummette”. Parecem plenamente assimiladas ao ambiente de bistrô, ainda que suas raízes sejam belgas.

São reconfortantes: podem fazer lembrar de um fim de tarde na casa da avó ou de um almoço de outono em Paris. Tão cheias de graça e generosas, mesmo em sua magreza, as batatas fritas do Ici só nos fazem esquecer de que não são estrelas, mas acompanhamento.


13. MELHOR VARIADO: ARTURITO (Juri)


ARTURITO (Por Luiza Fecarotta)

Paola Carosella domina o fogo como poucos. Herança dos ensinamentos do argentino Francis Mallmann, “o rei do fogo”, e de uma infância entre churrasqueira, chapa e forno a lenha.

Pois, no Arturito, a lenha alimenta um forno vistoso, que alcança temperaturas altíssimas, onde ela prepara carnes suculentas. Para além das carnes, o lugar atrai pelo frescor e pela rusticidade. Pães feitos na casa com fermento natural, ovos de galinhas “que acordam com a luz do sol”, peixes direto do peixeiro.

Lá, reina o esmero de uma chef que também foi capaz de treinar uma equipe de salão em harmonia com o cuidadoso trabalho da cozinha.

NOTAS

1. Datafolha entrevistou 966 pessoas, sendo 48% homens e 52% mulheres. A pesquisa efetuada entre 12 de março a 1 de abril de 2014 contemplou pessoas com renda familiar de pelo menos 5 salários mínimos (R$3.620 ou aprox. 1.630 em maio de 2014) que frequenta restaurantes pelo menos duas vezes por semana. 

2. Um juri, composto de 50 aficionados em gastronomia, críticos de restaurante e colunistas, foi solicitado a dar a sua classificação dos melhores restaurantes.

Compilação de textos publicados na revista "O Melhor de São Paulo", anexa à edição da "Folha de S. Paulo" de 8 de junho de 2014. Digitado, adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa.

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