"50 TONS DE CINZA" INSPIRA TRILOGIA DE LIVROS DE RECEITA
A trilogia culinária dos 50 tons tem no frango o seu concorrente mais poderoso.
"Fifty Shades of Chicken" foi o livro que recebeu mais investimento entre os três e o único publicado por uma grande editora, a Clark Potterson, que faz parte do grupo Random House.
O pacote de divulgação, com direito a um vídeo em que um fortão sem camisa domina um frango com um barbante, chamou a atenção de veículos como a revista "Salon" e os portais Eater e Huffington Post.
Do autor, escondido pelo pseudônimo FL Fowler, sabe-se pouco. Seria um experiente profissional da indústria de alimentos que quer se manter anônimo.
À revista "People", disse: "'Cinquenta Tons de Cinza' mexeu comigo. Um dia, ao amarrar um frango para levá-lo ao forno, percebi por que algumas imagens do livro eram tão fortes e familiares: pratico sadomasoquismo há anos, mas com aves".
São 50 receitas com nomes como "Frango, Por Favor, Não Pare" e "Peito Extravirgem". Antes de cada uma, há textos que parodiam o erotismo da trilogia em que foi inspirado.
O livro é dividido em três seções: A Ave Noviça, com receitas simples; Caindo aos Pedaços, sobre pedaços e miúdos; e Aves Enlouquecidas, com técnicas avançadas.
Piadas à parte, foi eleito um dos piores livros de 2012 pelo Physicians Committee for Responsible Medicine, entidade voltada a saúde e alimentação, pelo alto teor de gordura das receitas. "Não há nada de engraçado em como essas receitas repletas de colesterol afetarão sua saúde", afirmou a instituição.
A avaliação negativa não foi capaz de afastar os leitores. Desde que foi lançado, "Fifty Shades of Chicken" está na lista de mais vendidos do "New York Times".
O PRAZER DO BACON
Ainda no lado "pesado" da trilogia da cozinha, "Fifty Shades of Bacon" é o livro mais caseiro entre os três, feito em colaboração por dois amigos, Benjamin Myhre, idealizador e amante do bacon, e Jenna Johnson, blogueira de comida (recipe-diaries.com) que o ajudou a colocar o projeto de pé.
Lançado de forma independente, o livro também traz o espírito de paródia com o best-seller erótico.
A piada se estende pelas cinco categorias em que as receitas, todas simples e com poucos ingredientes, são organizadas: preliminares (entradas), prazer da tarde (pratos), orgasmos múltiplos (sobremesas), ereção matinal (café-da-manhã) e sadomasoquismo (miscelânea com manteigas, patês e infusões).
O mais incrível de "Fifty Shades of Bacon" é pensar que, de fato, o livro cumpre a promessa do título e traz tudo com bacon, inclusive sobremesas (bacon-chocolate chip cookies, cupcake de chocolate e bacon, uma torta de maçã com bacon) e até um coquetel, como o Bacon Cupcake Martini, que mistura vodca, martíni mix, xarope de bacon e uma fatia do toucinho para decorar.
COUVE PICANTE
Na contramão da "perversão" do bacon, está "Fifty Shades of Kale", o único dos três livros que tem uma preocupação clara com saúde.
Escrito por Jennifer Iserloh, que foi "personal chef" de celebridades como Jerry Seinfeld e Annie Leibovitz e tem 11 livros de cozinha no currículo, e pelo psiquiatra Drew Ramsey, o livro destaca o ingrediente indispensável a qualquer cardápio "hipster" dos EUA hoje: a couve.
Apesar de pegar emprestado o título da trilogia erótica, as semelhanças com "Cinquenta Tons" ficam por aí. "Minha ideia era usar o fenômeno para tentar melhorar a vida das pessoas", contou à Folha Ramsey, um entusiasta da couve que teve a ideia do livro a partir de uma piada com o agente. "Ele gostou do título e aqui estamos nós."
Em seis semanas desde a piada, o e-book sobre couve estava à venda. Hoje conta com 99 resenhas de leitores na Amazon e é avaliado com quatro estrelas e meia (o total são cinco).
Ramsey e Iserloh conseguiram vender os direitos para a editora Harper Collins, uma das maiores dos EUA, e reeditarão o livro. "Será um pouco menos picante e mais polido", afirma o psiquiatra.
Resta saber se ainda haverá interesse dos leitores. Terá vida longa a onda 50 tons?
Não, diz Amy McKeever, editora sênior do portal Eater. "Tenho certeza de que novos fenômenos culturais aparecerão e, com eles, novos livros de receita. A cultura pop sempre servirá de modelo."
Texto de Isabelle Moreira Lima publicado no caderno "Comida" da "Folha de S. Paulo" de 23 de janeiro de 2013, com o título de "Livros de receita inspirados em trilogia erótica viram objetos de desejo". Adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa.
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