CORTE DE SAL NOS ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS


Indústria aceita metas para diminuir teor da substância em temperos e margarinas.

O excesso de sal contido nos alimentos processados foi alvo ontem de um acordo entre o Ministério da Saúde e a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia), que estabeleceu metas de redução da substância nos produtos a serem colocados no mercado nos próximos anos. Alimentos industrializados hoje dominam as despensas da família moderna, mas apesar de sua praticidade, eles contêm níveis alarmantes de sódio, que está associado a doenças cardíacas e renais. O termo de compromisso prevê a redução em temperos, caldos, cereais matinais e margarinas vegetais. A estimativa é retirar 8,7 mil toneladas de sal do mercado brasileiro até 2020.
Esta já é a terceira etapa do acordo de redução do sódio da mesa do brasileiro. Em abril de 2011, entraram na lista macarrões instantâneos, bisnaguinhas e pães de forma, num total de 2,8 mil toneladas retiradas. E, em dezembro de 2011, foram contemplados o pão francês, os snacks (como salgadinhos e batatas fritas), biscoitos, maionese, totalizando 8,8 mil toneladas.
Somados os três convênios, a previsão é de que, até 2020, estejam fora das prateleiras mais de 20,4 mil toneladas. Segundo o Ministério da Saúde, o termo de compromisso estabelece o acompanhamento das informações da rotulagem nutricional e as análises laboratoriais de produtos coletados no mercado.

BRASILEIRO CONSOME SAL EM EXCESSO

No Brasil, a população consome o dobro do sal recomendado diariamente. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que o consumo do brasileiro está em 12 gramas diários, enquanto que a recomendação de consumo máximo diário de sal pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de menos de cinco gramas por pessoa. Em nota, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que a medida já vem em conformidade com a orientação da OMS. “O Brasil se antecipa às ações que a Organização Mundial de Saúde pretende adotar em relação ao sódio. O modelo seguido pelo Ministério da Saúde pode se tornar referência para outros países”.
A Abia não sabe informar qual o impacto financeiro que esta medida irá impor ao mercado. Mas explica que no ano passado R$ 12 bilhões foram investidos em tecnologia e novas linhas de produtos, e parte do valor foi aplicado para atender aos acordos do ministério. Além do convênio para redução de sal, foi estabelecido o corte de gordura trans de 12 categorias, entre elas, biscoitos, laticínios, caldos etc. Segundo dados da Abia, em 2009, foram retiradas 230 mil toneladas de gordura dos industrializados, “praticamente zerando” a quantidade dela nos produtos.
No caso da gordura trans, a indústria teve que encontrar substitutivos, como o óleo de palma, para garantir a textura dos alimentos. De acordo com a Abia, a retirada do sal, que já vem ocorrendo, é mais complexa, pois a substância, além de interferir diretamente no sabor, funciona como conservante.
O anúncio da redução progressiva do sal dos industrializados foi celebrada pelo especialista em cardiologia Marcel Coloma, membro das sociedades de cardiologia do Brasil e do estado do Rio.  — O brasileiro usa mais sal do que o necessário, e este hábito está diretamente relacionado com a pressão alta, que aumenta o risco de doenças do coração e derrame cerebral, assim como a perda da função renal e da visão — explica Coloma.
— O sal puxa para dentro das artérias, o que aumenta a sua pressão. E são elas que irrigam o olho, o rim, o coração, o cérebro. De acordo com o Ministério da Saúde, uma pesquisa realizada com mais de 54 mil brasileiros em 2011 revelou que a hipertensão arterial atinge 22,7% da população adulta. Se o consumo de sal for reduzido (para a recomendação diária da OMS), os óbitos por acidentes vasculares cerebrais podem diminuir em 15%, e as mortes por infarto em 10%. Ainda estima-se que 1,5 milhão de brasileiros não precisariam de medicação para hipertensão, e a expectativa de vida seria aumentada em até quatro anos. — A maior parte do sal consumido está nos industrializados, mas a mudança de hábito na alimentação em geral também é importante — alerta Coloma.

Texto de Flávia Milhorance publicado no jornal "O Globo" de 29 de agosto de 2012. Adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa.

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