IMPORTÂNCIA DOS MULATOS NO RIO OITOCENTISTA
Mulatos já tinham relevância no Rio do século XVIII. Filhos de ex-escravos chegaram a destacar-se na cidade.
Um século antes de mulatos como os escritores Machado de Assis e Lima Barreto marcarem presença na cena cultural, o Rio vivia em pleno regime escravocrata, mas já exibia figuras como o escultor e arquiteto mestre Valentim e o compositor padre José Maurício. Morto em 1813, Valentim da Fonseca e Silva deixou obras de relevo, como o projeto paisagístico e de esculturas do Passeio Público (centro). O padre José Maurício é tido como o maior compositor do Rio no século XVIII.
Detalhista a ponto de pesquisar os grupos que integravam a sociedade de então. ele ficou surpreso ao perceber ''com que frequência e peculiaridade a gente mulata se postava nas encruzilhadas das artes e das profissões''. Para a historiadora Maria de Lourdes Viana Lyra, presidente da banca examinadora da UFRJ, ele teve o mérito de levantar ''uma documentação fantástica'' e fazer uma análise interdisciplinar, misturando conceitos históricos e arquitetônicos. Na terceira parte da tese, ''A Cidade e seus Construtores'', Cavalcanti revela que, para os filhos de ex-escravas ou aqueles alforriados, ''um grande passo para ser reconhecido era a profissão e destacar-se nela''.
Para reunir dinheiro para a compra da liberdade, escravos trabalhavam em horas de folga ou mesmo aos domingos. Apenas uma minoria de senhores concedia as alforrias gratuitamente. Para tentar driblar o preconceito da sociedade e conseguir melhores postos de trabalho, mulatos fundaram duas irmandades religiosas. A da Nossa Senhora da Conceição dos Homens Pardos chegou a reunir, em 1790, 323 pagantes.
Por Roni Lima, publicado no jornal Folha de S. Paulo. Adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa.
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