ALIMENTAÇÃO
A manutenção da vida requer um contínuo dispêndio de energia. A alimentação fornece ao organismo os meios para reparar as perdas devidas ao funcionamento dos órgãos, bem como abastece-os da energia necessária para o exercício de suas funções. Também tem a função de suprir o indivíduo dos fatores necessários ao seu crescimento.
As plantas verdes e alguns microrganismos obtêm sua energia da luz solar, por meio do processo bioquímico chamado fotossíntese, e por isso são chamados “produtores”. Todos os demais seres vivos são “consumidores”. Alguns, os de “primeira ordem”, obtêm energia comendo as plantas. Os consumidores de “segunda ordem” alimentam-se dos de primeira, e assim por diante. Naturalmente, um animal pode ser consumidor de mais de uma ordem, dependendo de sua alimentação.
Alimentar-se significa ingerir substâncias nutritivas, que, uma vez no interior dos seres vivos, sofrem uma série de transformações, genericamente denominadas metabolismo. A experiência demonstra que um homem adulto, com um ritmo normal de trabalho, perde, por dia, 2 500 gramas de água, 25 gramas de sais, 280 gramas de carbono e 18 gramas de nitrogênio, consumindo uma energia avaliada em 2 600 calorias. Estas cifras variam de acordo com o sexo, idade, tipo de trabalho, clima, etc. A porção alimentar diária deve conter tantos gramas de substâncias diretamente queimadas pelo organismo (como proteínas, vitaminas e carboidratos) quantos forem eliminados diariamente. No caso de crianças e adolescentes, deve haver uma quantidade suplementar, para ser gasta no crescimento.
Num clima de temperaturas elevadas, os habitantes precisam de uma alimentação mais rica em vegetais, ao passo que nas zonas frias a carne e o peixe têm preferência. Com as bebidas dá-se o mesmo: consome-se mais álcool nos países frios do que nas regiões quentes.
Para que uma alimentação seja completa, ela deve ser equilibrada na quantidade e na qualidade. Quando existe carência absoluta ou relativa de um ou mais alimentos simples (proteínas, gorduras, hidratos de carbono, sais e vitaminas), aparecem distúrbios orgânicos. As vitaminas são importantes; embora o organismo necessite de pequenas quantidades, sua falta pode acabar acarretando graves consequências.
A ação dos alimentos é indireta: o organismo (animal ou vegetal) supre suas necessidades de matéria e energia consumindo suas próprias reservas; cabe à alimentação repor as substâncias consumidas, reconstituindo as reservas.
Classificações dos alimentos
Conforme a sua composição química, os alimentos podem ser minerais (água, cloreto de sódio, compostos de potássio, cálcio, magnésio, ferro, manganês, silício, zinco, cobre, flúor, fósforo, cloro, iodo, arsênio, bromo, etc.) ou orgânicos (proteínas, gorduras e hidratos de carbono), esses elementos raramente são encontrados puros na natureza. Em geral, fazem parte, em proporções variadas, de alimentos complexos como as carnes, frutas, legumes, etc.
As substâncias alimentícias também podem ser classificadas segundo a sua utilização: as “plásticas”, que contribuem para a constituição dos tecidos; ou as “energéticas”, cuja energia é aproveitada para a realização dos atos vitais. Os minerais são principalmente “plásticos”, assim como os alimentos protéicos albuminoides, fornecidos pelas carnes e outros produtos de origem animal (leite, ovos) ou vegetal (algas e algumas leguminosas como soja e feijão). Os principais alimentos energéticos são as gorduras e os hidratos de carbono.
As substâncias de origem vegetal, porque estão protegidas pela celulose, são pouco acessíveis à ação dos sucos digestivos. No entanto, o aumento do bolo fecal, que resulta da presença destas substâncias, favorece o funcionamento do intestino, servindo de estimulante aos movimentos peristálticos, que impulsionam as fezes para o exterior.
Existe uma categoria de substâncias, sem valor alimentar, chamadas dinamorfos (por exemplo: café, chá). Agindo sôbre as terminações nervosas, embotam a sensação de fome, criando condições que permitem ao organismo queimar as suas reservas, fornecendo um trabalho apreciável sem as fadigas consequentes. O álcool merece, até certo ponto, a designação de alimento, pois, através da sua combustão, realiza uma verdadeira economia de energia.
Os condimentos (pimenta, mostarda, alho, etc.) são substâncias utilizadas como estimulantes das secreções digestivas ou para satisfazer o paladar. Não possuem valor nutritivo, com exceção do açúcar e do sal.
Alguns alimentos, qualificados de "indispensáveis”, são aquêles cuja síntese o organismo é incapaz de realizar, como alguns aminoácidos, as vitaminas, etc. Outros são tidos como “completos” pois atendem a todas as necessidades orgânicas (é o caso do leite). Os que provocam estímulo do sistema nervoso e de alguns metabolismos, mas não têm condições de ser mantidos em reserva, são tachados de “falsos”, como por exemplo o álcool.
Os seres vivos criam hábitos e acomodações em relação às condições do ambiente, inclusive em relação aos processos de alimentação.
A maior ou menor disponibilidade de alimentos para os animais depende de seus “habitats” naturais. Porém, eles não se apossam de qualquer produto encontrado. Entre muitas escolhas disponíveis, selecionam apenas uma parcela, para a qual estão adaptados diversos aspectos da sua estrutura, principalmente seu aparelho digestivo e sua capacidade de encontrar e capturar o alimento.
Assim, cada espécie está adaptada a uma rotina alimentar. Há animais que comem quase continuamente, outros fazem grandes refeições periódicas e ainda, entre os insetos, alguns não consomem nada, desde a metamorfose até a morte: usam a energia acumulada durante o estágio de larva.
Para conservar um peso estável, o animal dispõe de mecanismos cerebrais que regulam sua fome, levando-o a fazer refeições maiores quando o peso cai e vice-versa. Normalmente, êsses mecanismos são calibrados para manter o peso ideal.
Outro aspecto importante é a “fome específica”, pela qual um animal, com carência de certos componentes dos alimentos, passa a preferir os produtos que os contenham.
Texto publicado em "Enciclopédia Abril" editor Victor Civita, Editora Abril, São Paulo, 1971, vol. I, pp.130-131. Digitalizado, adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa.
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