CARNE DE COELHO E VINHOS


Em cartaz em vários restaurantes cariocas, o coelho é uma carne que combina com a temporada de outono-inverno, já que suas melhores receitas são reconfortantes e ricas, em preparações de longo cozimento, com molhos densos e cheios de personalidade, muitas vezes com bacon e cogumelos, quase sempre com um pouco de vinho. Em alguns casos, o prato vai pedir um branco mais encorpado, mas na maioria das vezes a melhor solução é escolher um tinto de perfil mais leve, com boa acidez, como alguns exemplares toscanos e piemonteses, falando de Itália; ou da Borgonha, incluindo Beaujolais, e do Vale do Loire, em se tratando de França; ou um belo Pinot Noir da Nova Zelândia. Capaz de se combinar com várias receitas (como o papardele com ragu de coelho, clássico da cozinha italiana; ou o coelho à moda da Borgonha servido no Barsa, com bacon magro, cogumelos frescos e mini-cebola), o agradável piemontês Merlonero Vino Quotidiano é um verdadeiro coringa.

— Escuro, tem seu aroma baseado em frutas como amora. Trata-se de um tinto sem safra, que combina qualidades antagônicas como delicadeza e personalidade marcante — diz Bernardo Murgel, da loja Porto di Vino, que vende a garrafa por R$ 60 e sugere, ainda, o Saumur Domaine Roches Neuves e o Bourgogne Rouge Domaine Parigot para receitas com carne de coelho.

Estrela do cardápio de outono do Bazzar, o delicado coelho em lascas na mostarda, com purê de batata-doce amarela e cogumelos. Para ele, uma boa sugestão é o grego Naoussa Opap, da Boutari, feito com a uva Xinomavro, intenso, concentrado e complexo.

— Tem peso equivalente a um Borgonha, mas custa uma fração do preço — diz a restauratrice Cristiana.

Texto de Bruno Agostini publicado na "Revista O Globo" inserida em "O Globo" de 20 de abril de 2014. Adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa.

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