MULHERES NÃO GOSTAM DE HOMEM, GOSTAM DE DINHEIRO.


Vai-se uma antiga máxima da lei da atração: em países ricos, nem sempre os homens buscam fêmeas bonitas para procriar e as mulheres, machos com dinheiro no bolso.

Mulheres não gostam de homem, gostam de dínheiro. E os homens Eles, sim, gostam de mulher. Desde que seja bonita. Para deleite da ala masculina, essa piadinha sexísta que eles adoram contar nas rodas de bar, de preferência na presença delas, ganhou respaldo científico  há duas décadas, com a psicologia evolutiva, o ramo do conhecimento que explica comportamento com base nos processos de perpetuação da espécie descritos na teoria da evolução de Charles Darwin. Para essa corrente de pensamento, os seres humanos comem, dormem, amam, trabalham, mentem, sentem ciúme ou compaixão, brigam, confraternizam-se, ou seja, fazem quase tudo, com o intuito de propagar os genes e garantir a sobrevivência - razão pela qual pessoas cultas, inteligentes e. civilizadas agem como os seus ancestrais pré-históricos em diversas situações, inclusive na hora de escolher O parceiro.
Um macho alfa, bem-sucedido, resolve boa parte do problema da mulher e da prole, dizem os evolucionistas. Comida ao menos, não vai faltar em casa.
E a predíleção dos marmanjos pelas beldades? Beleza é sinal de saúde. justificam, e garantia de filhos saudáveis. Uma pesquisa da Universidade de York, na Inglaterra, reem-publicada na revista "Psychological Science", da asociaçãos americana de psicologia, mostra que não é bem assim. Pelo menos nos relacionamentos amorosos, não somos reféns absolutos da biologia, como propôem os devotos de Darwin, parte do desejo vem, é verdade, das cavernas. Afinal, somos resultado de milhões de anos de evolução. Mas o nível de desenvolvimento de um país é variável que também compõe a tal fórmula da atração entre homens e mulheres.
Explica o psicólogo suíço Marcel Zentner, autor do estudo: "As teorias da psicologia evolutiva sobre o que rege as escolhas dos parceiros só funcionam plenamente em países onde há grande desigualdade entre os gêneros. Nas nações desenvolvidas nesse aspecto, os critérios que definem o melhor parceiro para ambos os sexos, são diferentes" É por isso que as alemãs, mulheres que desfrutam as benesses na quarta economia do mundo, consideram as habilidades domésticas uma das principais qualidades de um homem, enquanto as mexicanas dão mais atenção à conta bancária do rapaz, afirma o psicólogo.
Esse mesmo raciocínio explica por que na Finlandia, nação exaltada por sua sociedade igualitária, as mulheres inteligentes são as mais disputadas e, na Turquia, a beleza da parceira aínda é fundamental. Para chegarem a esse resultado, os pesquisadores de York, ouviram 3.117 pessoas em dez países, classificados em três grupos a partir do índice GGI (Global Gender Gap Index), do Fórum Econômico Mundial que mede o grau de igualdade entre os sexos com base nos dados econômicos, educacionais e de direitos civis. Os participantes tinham de escolher as características que mais os atraíam em um parceiro e classifica-las por ordem de importância: idade, ser prendado, ser casto e fiel, ter boa aparência, boa situação financeira. status, ambição, ter disposição para o trabalho e inteligência.
Nos três países com maior disparidade entre os sexos, México, Coréia do Sul e Turquia, as respostas tanto dos homens quanto de mulheres corresponderam às teses da psicologia evolucionista, ou seja, elas querem um bom provedor e eles, uma boa parideira.
Nas nações com maior igualdade entre os gêneros. Finlândia. Alemanha e Estados Unidos, no entanto, houve uma inversão de valores. "O corpo e a mente humana não evoluiram sozinhos. A economia e a cultura evoluiram paralelamente: criando um ambiente muito mais complexo que a realidade das cavernas", argumenta o psicólogo suiço.
Nenhuma mulher gosta de ouvir que est´de olho no bolso do marido - mesmo que seja verdade. Mais difícil ainda é aceitar a ideia de que o estupro nada mais é que uma adaptação evolucionária, como propôs absurdamente o psicólogo americano David Buss, da Universidade do Texas. Por causa de teses como essas, que corroboram o pensamento conservador e reforçam os estereótipos feminino e masculino, a psicologia evolutiva passou a ser vista com enorme ressalva entre os acadêmicos e virou o patinho feio das ciências humanas. Não deveria ser assim.
O próprio Darwin acreditava que sua teoria da evolução, além de explicar como o corpo humano adquiriu o formato e complexidade atuais, poderia ser usada para entender como pensamos e agimos. "A partir daqui, a psicologia se assenta sobre novas bases" disse o autor de "A Origem das Espécies." "Não há nada de errado em explicar o comportamento à luz da evolução. As novas teorias evolucionistas emergiram nos anos 90 como um contraponto ao determinismo cultural", diz o darwinista americano Jonathan Gottschall, da Universidade Washington & Jefferson, "O erro é achar que tudo está limitado aos genes".
Toda grande teoria cientifica - inclusive a magnifica teoria da evolução - está sob o risco da generalização. E justamente por isso o estudo de Marcel Zentner é relevante. A pesquisa dá um pontapé no senso comum e no reducionsimo científico. O suiço não é o único de sua cátedra a tentar estimar o peso do progresso no comportamento. Em um trabalho seminal, que resultou no livro "The Better Angels of Our Nature - Why Violence Has Declined", o canadense Steven Pinker, uma das mais respeitadas vozes da psicologia evolutiva, semonstrou como o processo civilizatório permitiu à espécie humana se livrar das amarras viológicas, o que evitou a continuidade dos longos períodos de barbárie. A ciencia ainda está longe de encerrar a discussão sobre o que pesa mais na formação da personalidade, se a herança biológica ou a cultural. Estudos como o de Pinker e o de Zentner reforçam a tese de que ambas são decisivas. É o bom-senso na contramão do chavão.

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Aparência: Os homens preferem as belas. Uma boa aparência é sinal de saúde.
1. Na Finlândia, os homens tem predileção pelas mulheres inteligentes.
2. Na Turquia, a beleza é a característica crucial na escolha da parceira.

Dinheiro: As mulheres gostam de homens ricos, capazes de prover a prole.
1. Na Alemanha as mulheres querem um homem que saiba cozinhar e limpar a casa.
2. No México a conta bancária do parceiro vem em primeiro lugar.

Castidade: Os homens querem uma mulher fiel, garantia de que os filhos são deles.
1. Nos Estados Unidos a castidade das parceiras não preocupa os homens.
2. Em Portugal, virgindade ainda é importante.

Prendas do Lar: Os homens querem uma mulher que cuide da casa, dos filhos e do seu jantar.
1. Na Finlãndia, os homens preferem mulheres ambiciosas,
2. Na Polônia, as donas de casas são mais bem cotadas.

Texto de Gabriela Caarelli, (com reportagem de Simone Costa), publicado na revista "Veja" edição 2287 de 20 de setembro de 2012, com o título de "Um Pontapé no Senso Comum". Digitado, adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa.



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