ESTRELAS NO FORNO E FOGÃO
ELIZABETH TAYLOR ADORAVA FRANGO FRITO E MARIA CALLAS PEGAVA RECEITA COM A SOGRA: AS HISTÓRIAS SABOROSAS DAS ESTRELAS DA MÚSICA E DO CINEMA.
Embora não cozinhasse, Elizabeth Taylor era uma comilona assumida. A atriz adorava frango frito e chegou a parar num pronto-socorro entalada com uma coxa. A sensual Marilyn Monroe, quando estava depressiva por conta de problemas com o marido Arthur Miller, se enfiava na cozinha, lamentava com a cozinheira e, de quebra, aproveitava para aprender pratos novos e tentar agarrar o marido pela boca, coisa que nunca aconteceu.
Muitas estrelas do saboroso livro “As divas na cozinha — Histórias e receitas das estrelas da música e do cinema”, de Evânio Alves,
também tentaram e não conseguiram. — Marlene Dietrich cozinhou para todos os parceiros que teve e para mulheres também. Ruy Castro, que tinha um amigo que conhecia a atriz, arriscou que a diva alemã gostava muito mais de pilotar um fogão do que do ofício de atriz. Já Brigitte Bardot deixou os homens de lado e preferiu enfrentar o fogão em sua casa de St. Tropez, batizada de La Mandrague, e cozinhar para a bicharada, sua paixão. Mineiro nascido no Vale do Jequitinhonha, também autor de “Divas no Brasil”, Evânio passou dois anos pesquisando em autobiografias e biografias e colhendo receitas nos cookbooks americanos dos anos 20 aos 60, em que as divas publicavam suas receitas. As histórias contadas no livro são deliciosas. Como a de Ava Gardner que, segundo o autor, não cozinhava só paramaridos e namorados.
— Ela cozinhou também para a empregada Reenie, sua cozinheira e fiel amiga. As duas comiam juntas e a funcionária viajava pelo mundo todo com Ava, ocupando nos hotéis uma suíte igual à da famosa patroa. No dia de folga de Reenie, Ava botava o avental e fazia o jantar para as duas, sempre alguma coisa especial. Audrey Hepburn era tão apaixonada por chocolate que uma vez, indo de navio para Nova York, comeu tantas barras que engordou cinco quilos em duas semanas.
— No final da vida, Bette Davis desenvolveu um gratificante relacionamento com sua acompanhante Kathryn. Em suas memórias, ela conta que, para o primeiro encontro com a nova funcionária, fez um maravilhoso jantar, com frango, abobrinha e ervilhas. Claro que conquistou a enfermeira, que ficou com ela muito tempo, até casar-se. Clara Bow, atriz do cinema mudo, era de família muito pobre, com problemas psicológicos, e só sabia fazer macarrão.
— Uma vez ela convidou um jornalista para jantar e, de repente, começou a discutir com o pai, na mesa. Os dois começaram a jogar macarrão um no outro — conta Evânio que, ano passado, lançou “As divas no Brasil”. A sopa francesa de cebola de Gertrude Stein e Alice B. Toklas também está no livro, assim como os tomates verdes fritos de Ginger Rogers. Detalhe para o segredo de beleza da mexicana Dolores del Rio: uma vez por semana, só comia cenouras, suco de laranja e limão.
O autor conta, ainda, que Audrey Hepburn gostava tanto de cozinha que, quando se ausentava para trabalhar, deixava o menu pronto para até três meses. E que a cantora Maria Callas também fez de tudo para agarrar os homens pela boca.
— No primeiro casamento com o seu empresário Meneguini, ela ia para a casa da sogra e ficava o dia todo na cozinha aprendendo a preparar as comidas que o marido gostava na infância. No segundo relacionamento, com Onassis, já famosa, cozinhava sempre para ele, e sua almôndega com berinjela agradava muito ao armador. Evânio testou todas as receitas.
— Tentei muitas vezes, até dar certo. Foram dois anos cozinhando. Escolhi a dedo as receitas. Se alguma era legal, mas tinha um ingrediente que não existia aqui no Brasil, excluí e garimpei outra. A receita carro-chefe, de que todos gostaram, é o pão de tâmaras e nozes da Angela Lansbury. Quem come sempre faz cara de quero mais. Divas brasileiras? Só Bidu Sayão e Zezé Motta. — As divas brasileiras são inacessíveis demais, então desisti. Fiquei só com as de Hollywood — brinca o autor.
Texto de Bety Orsini publicado em "O Globo" de 15 de agosto de 2012. adaptado para ser postado por Leopoldo Costa. Ilustrações da própria matéria.
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| Audrey Hepburn |
Muitas estrelas do saboroso livro “As divas na cozinha — Histórias e receitas das estrelas da música e do cinema”, de Evânio Alves,
também tentaram e não conseguiram. — Marlene Dietrich cozinhou para todos os parceiros que teve e para mulheres também. Ruy Castro, que tinha um amigo que conhecia a atriz, arriscou que a diva alemã gostava muito mais de pilotar um fogão do que do ofício de atriz. Já Brigitte Bardot deixou os homens de lado e preferiu enfrentar o fogão em sua casa de St. Tropez, batizada de La Mandrague, e cozinhar para a bicharada, sua paixão. Mineiro nascido no Vale do Jequitinhonha, também autor de “Divas no Brasil”, Evânio passou dois anos pesquisando em autobiografias e biografias e colhendo receitas nos cookbooks americanos dos anos 20 aos 60, em que as divas publicavam suas receitas. As histórias contadas no livro são deliciosas. Como a de Ava Gardner que, segundo o autor, não cozinhava só paramaridos e namorados.
— Ela cozinhou também para a empregada Reenie, sua cozinheira e fiel amiga. As duas comiam juntas e a funcionária viajava pelo mundo todo com Ava, ocupando nos hotéis uma suíte igual à da famosa patroa. No dia de folga de Reenie, Ava botava o avental e fazia o jantar para as duas, sempre alguma coisa especial. Audrey Hepburn era tão apaixonada por chocolate que uma vez, indo de navio para Nova York, comeu tantas barras que engordou cinco quilos em duas semanas.
— No final da vida, Bette Davis desenvolveu um gratificante relacionamento com sua acompanhante Kathryn. Em suas memórias, ela conta que, para o primeiro encontro com a nova funcionária, fez um maravilhoso jantar, com frango, abobrinha e ervilhas. Claro que conquistou a enfermeira, que ficou com ela muito tempo, até casar-se. Clara Bow, atriz do cinema mudo, era de família muito pobre, com problemas psicológicos, e só sabia fazer macarrão.
— Uma vez ela convidou um jornalista para jantar e, de repente, começou a discutir com o pai, na mesa. Os dois começaram a jogar macarrão um no outro — conta Evânio que, ano passado, lançou “As divas no Brasil”. A sopa francesa de cebola de Gertrude Stein e Alice B. Toklas também está no livro, assim como os tomates verdes fritos de Ginger Rogers. Detalhe para o segredo de beleza da mexicana Dolores del Rio: uma vez por semana, só comia cenouras, suco de laranja e limão.
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| Jane Fonda |
— No primeiro casamento com o seu empresário Meneguini, ela ia para a casa da sogra e ficava o dia todo na cozinha aprendendo a preparar as comidas que o marido gostava na infância. No segundo relacionamento, com Onassis, já famosa, cozinhava sempre para ele, e sua almôndega com berinjela agradava muito ao armador. Evânio testou todas as receitas.
— Tentei muitas vezes, até dar certo. Foram dois anos cozinhando. Escolhi a dedo as receitas. Se alguma era legal, mas tinha um ingrediente que não existia aqui no Brasil, excluí e garimpei outra. A receita carro-chefe, de que todos gostaram, é o pão de tâmaras e nozes da Angela Lansbury. Quem come sempre faz cara de quero mais. Divas brasileiras? Só Bidu Sayão e Zezé Motta. — As divas brasileiras são inacessíveis demais, então desisti. Fiquei só com as de Hollywood — brinca o autor.
Texto de Bety Orsini publicado em "O Globo" de 15 de agosto de 2012. adaptado para ser postado por Leopoldo Costa. Ilustrações da própria matéria.
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