HAMBURGUER A PARTIR DE CÉLULAS TRONCO
A primeira carne “in vitro”, um hambúrguer feito a partir de células-tronco será produzido nos próximos meses, disse o cientista holandês, Mark Post, em uma conferência no último domingo. O objetivo de Post é inventar uma forma eficiente de produzir tecido de músculo esquelético em um laboratório para imitar exatamente a carne e, eventualmente, substituir toda a indústria de produção de carnes a partir de animais.
Os ingredientes para seu primeiro hambúrguer ainda estão “em fase de laboratório”, disse ele, mas no outono, “nos comprometemos a fazer milhares de pequenos tecidos e, então, uni-los em um hambúrguer”.
Post, do setor de Fisiologia da Maastricht University, na Holanda, disse que seu projeto é financiado com 250.000 euros por um investidor privado anônimo motivado pelos “cuidados com o ambiente, alimentos para o mundo e interesse nas tecnologias que transformam a vida”.
Post falou em um simpósio chamado “A Próxima Revolução Agrícola”, na reunião anual da Associação Americana para Avanços na Ciência, em Vancouver. Os palestrantes disseram que pretendem desenvolver esses produtos de “carne” para consumo massivo para reduzir os custos ambientais e de saúde para a produção de alimentos convencionais.
A produção convencional de carnes e lácteos requer mais terras, água, plantas e descarte de dejetos que quase todos os outros alimentos humanos, disseram eles. A demanda global por carnes deverá aumentar em 60% até 2050, disse o cientista americano, Nicholas Genovese, que organizou o simpósio. O resultado disso seria a perda da biodiversidade, mais gases de efeito estufa e outros gases, e um aumento nas doenças, disse ele.
“A produção animal é, de longe, a maior geradora de uma catástrofe global”, disse o pesquisador da Escola de Medicina da Stanford University, Patrick Brown. Ele disse que a indústria está incrivelmente pronta para cair. “É tecnologia ineficiente que não mudou fundamentalmente por um milênio. Tem havido um ponto morto na ciência e na comunidade de tecnologia (de produção animal) como um alvo fácil”.
Brown, que disse que é financiado por uma firma de capital americana e tem duas companhias recém-formadas na Califórnia, disse que devotará o resto de sua vida para desenvolver produtos que imitem a carne, mas que sejam feitos totalmente de fontes vegetais. Ele está trabalhando “para desenvolver e comercializar um produto que pode competir com a carne e os produtos lácteos baseado em sabor e valor para os consumidores, para pessoas que são muito adoradores de carnes e queijos e que não conseguem imaginar desistindo dos produtos, mas que poderão ser persuadidas se tiveram um produto com todo o sabor e valor”.
Brown disse que o desenvolvimento de carne a partir de células animais em laboratório terá um alto custo ambiental e, assim, ele disse que dependerá somente de fontes vegetais. Ambos os cientistas disseram que nenhuma companhia da indústria de carnes expressou interesse.
Artigo da Agencia France-Presse, publicado resumido em 27 fevereiro 2012 no sítio da BeefPoint. Adaptado para ser postado por Leopoldo Costa.
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