EQUINOS – ABATE E PRODUÇÃO DE CARNE

Leopoldo Costa


NA ANTIGUIDADE

Os cavalos antes de serem domesticados, o que pode ter acontecido cerca de 4.000 anos antes da nossa era, eram caçados para a carne servir de alimento. Na França, em Solutré, foram encontradas ossadas de cerca de 10.000 cavalos que foram consumidos pelos primitivos caçadores. Depois da domesticação criou-se um vínculo maior entre o cavalo e o homem, pois, este passou a ser usado no transporte e na tração de carros e equipamentos agrícolas.


Os Mongóis, os Assírios, os Egípcios, os Persas e os Gregos foram povos que consumiam normalmente a carne equina.

Com a expansão do Cristianismo na Europa Central e nas Ilhas Britânicas surgiu resistência ao consumo por ser considerada uma herança do Paganismo. O papa Gregório III, que governou a igreja de 731 a 741 condenava como pecador aquele que consumisse a carne equina. Em 732, Bonifácio, que era bispo da Alemanha ordenou a morte de cavalos selvagens que seriam usados em sacrifício para o deus Odin ou a deusa Freya.

Era costume nestes rituais que após a imolação do animal a carne ser distribuída ao povo, que esperava ansioso pela ocasião.


PROPRIEDADES DA CARNE EQUINA

Segundo Torres e Jardim[1], a carne de cavalo é um pouco mais adocicada do que a carne bovina devido ao alto teor de glicogênio que diminui com a idade do animal. A sua cor é vermelha escura ou parda avermelhada e suas fibras são finas e longas, de consistência firme.
Possui  baixos níveis de gordura. Cada 100 gramas de carne cozida contém 175 calorias, 28 gramas de proteína, 6 gramas de gordura, 5 miligramas de ferro, 55 miligramas de sódio e 68 miligramas de colesterol[2].

 PRODUÇÃO DE CARNE EQUINA

A produção mundial de carne equina em 2009 foi de 754.025 toneladas segundo a última estatística da FAO. Os dez maiores países produtores que representam 75% da produção total, são os seguintes:

Países
Toneladas
%
China
198.000
26,25
México
81.749
10,84
Casaquistão
71.500
9,48
Rússia
48.936
6,49
Argentina
43.600
5,78
Mongólia
35.282
4,68
Estados Unidos
27.000
3,58
Itália
24.221
3,21
Brasil
21.545
2,86
Quirquistão
18.701
2,48
Fonte: FAO 2009


No Brasil os maiores estados produtores são Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
Existem sete frigoríficos abatedouros aprovados pelo Serviço de Inspeção Federal. Dois no Paraná, dois no Rio Grande do Sul, dois em Minas Gerais e um na Bahia.
Cada animal pronto para abate rende entre 100 kg a 150 kg de carne para consumo, de 24 a 34 quilos de pele, 20 kg de sangue e 30 kg de sebo visceral. Também produz crina, tendões e ossos que são comercializados. A pele depois de curtida é empregada na confecção de calçados femininos e bolsas.
Segundo o prof. H.M.P. Orsolini e o prof. R.A.S. Lima[3] os principais ‘cortes’ de carne equina são semelhantes aos cortes de carne bovina, sendo os mais comerciais o filé mignon, o contra filé, a alcatra, o patinho, o coxão mole e a paleta. A manta dianteira (costela) e o músculo dianteiro, também são comercializados.


CONSUMO DE CARNE EQUINA

Atualmente a carne de cavalo é consumida na Itália, Bélgica, França, Alemanha, Suiça, Europa Oriental, Oriente Médio, África Ocidental, China e Japão. Em Portugal, Espanha, Reino Unido, Estados Unidos, Brasil e América de colonização espanhola existe forte repulsa..

O prestígio da carne junto aos consumidores teve uma crise devido o abate de animais velhos, defeituosos e desnutridos, sendo recuperada com a implantação de fazendas próprias para criar animais para serem abatidos. Nestas fazendas nos Estados Unidos e Europa Oriental criam-se animais carnudos como Percheron, Bretão, Brabant, Ardan (sueco), Murakozi (húngaro) e Vladimir (russo) que dão melhor rendimento. Porém a criação de equinos para abate custa mais caro do que a de bovinos.

COMÉRCIO INTERNACIONAL DE CARNE EQUINA

Os quatro maiores países exportadores de carne equina do mundo, que respondem por 80% do total, são pela ordem:
·        Argentina com 29% do total.
·        Canadá com 25% do total.
·        Polônia com 15% do total.
·        Brasil com 11% do total.

Os quatro maiores países importadores, que também respondem por 80% do total mundial, são  Bélgica, França, Itália, Rússia e Suiça.
        
Na Europa, principalmente na Itália, a carne equina é bastante empregada na elaboração de produtos de salsicharia, devido à gordura escassa e fluída rodeando os feixes musculares, sem misturar com as fibras da carne e ao seu alto teor de glicogênio que dá excelentes resultados na fermentação dos salames e pela ‘liga’ e atraente cor avermelhada que dá a massa dos demais produtos. Cerca de 2/3 do total tem este destino.

A CARNE EQUINA NO BRASIL

No Brasil é permitida a venda in natura e utilização de carne equina na fabricação de embutidos, desde que seja mencionado com destaque no rótulo, para não enganar o consumidor., conforme determina o artigo 202 da RIISPOA. O consumo porém é irrisório.
Existe o argumento, defendido por Torres e Jardim[4], que o abate de animais descartados, afastados do trabalho ou da reprodução, é uma medida aconselhável, por seu aspecto humanitário e econômico, pois assim eles são afastados do abandono e da fome na velhice, liberando grandes áreas de pastagens e possibilitando o aproveitamento da carne, da pele e de vários subprodutos, que podem ser exportados ou absorvidos pelo mercado interno. O preço pago pelos frigoríficos varia entre R$ 250 e R$ 300 por animal e existe uma rede de agenciadores que visitam as propriedades das vizinhanças comprando os animais rejeitados para revender aos frigoríficos.



[1] TORRES, A.P.; JARDIM, W.R.  Criação do cavalo e de outros eqüinos. São Paulo: Nobel, 1987. 654 p.
ABRAHAO, A.R.  A Indústria da Carne Eqüina. FMVZ – UNESP, Curso de Pós-graduação em Zootecnia, Nutrição e Produção Animal, 2005.
[3] In: Evolução da concentração do mercado exportador de carne de cavalo, no triênio 2000-02.  Simpósio Internacional de Iniciação Científica/ USP, 12. Piracicaba. 2004a.38.

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