CAÇADORES DE CABEÇAS
Leopoldo Costa
Os caçadores de cabeças decapitavam os inimigos e as cabeças eram consideradas troféus. Esta prática era comum em várias culturas por que acreditavam que a alma estaria localizada na cabeça. Apossando-se das cabeças capturavam a alma das vítimas aumentando assim o seu estoque. Uma maior quantidade de almas contribuiria para a aumentar a fertilidade da população humana, do gado e das plantações.
Algumas tribos dos Celtas e Citas praticavam também a caça de cabeças. Na Grã Bretanha a prática sobreviveu até o final da Idade Média. No noroeste do Afeganistão até o final do século XIX e na península Balcânica até o início do século XX.
Na África a caça de cabeças ocorria principalmente na Nigéria, onde também era associada à fertilidade das lavouras e ao casamento. Acreditava-se que a vítima no outro mundo iria ser escrava do degolador .
Em Myanmar, a antiga Burma, algumas tribos seguiam os mesmos procedimentos das tribos indianas. O povo Wa usava a caça de cabeça em épocas especiais, quando fosse necessária a ajuda para eliminar pragas e aumentar a produtividade das colheitas. Os caçadores saiam a busca de vítimas apenas nestes períodos. A prática durou até a década de 1970.
Também no sudoeste da Ásia entre os povos Ilongot, Iban, Dayak, Berawan, Mappurondo e Wana a prática da degola fazia parte de um ritual religioso chamado 'pangngae' realizado todo ano e não era ato de guerra. Apenas uma cabeça era necessária para a cerimônia. Kenneth George descreveu o ritual que presenciou entre membros da tribo Mappurondo na ilha de Sulawesi na Indonésia. Na cerimônia não foi usado cabeça humana e sim uma réplica feita de coco. A celebração era para comemorar a proveitosa colheita de arroz.
Em Bornéu, como também na Indonésia, Filipinas e Taiwan práticas similares eram adotadas. Nas Filipinas a caça de cabeças foi registrada por Rada em 1577 e continuou sendo usada pelas tribos dos Igorot e Kalinga da ilha de Luzón até o início do século XX.
Na Indonésia a tribo dos Alfurs era também de caçadores de cabeça, como também a tribo dos Motu da Nova Guiné.
Na Oceania a caça de cabeças misturava-se com a prática do canibalismo, mas a primeira era a tônica. Em algumas ilhas da Micronesia celebravam festas que as pessoas ficavam dançando segurando as cabeças decepadas pelos cabelos.
Em algumas ilhas da Melanésia as cabeças decapitadas eram geralmente mumificadas e os guerreiros portavam máscaras com as feições da vitima com o intuito de apropriar-se de suas qualidades. O mesmo ocorria entre os aborígines da Austrália.
Na Nova Zelandia as cabeças dos inimigos eram defumadas para desidratar e serem preservadas. Na ilha de Goaribari, no golfo de Papua em 1901, o missionário Harry Dauncey descobriu cerca de 10.000 crânios, separados dos respectivos corpos.
Entre os Astecas, conforme escreveu Juan de Tovar em 1587, existia o 'tzompantli',uma paliçada onde eram expostas as cabeças dos inimigos sacrificados. Em um destes 'tzompantli', o Hueyi, conforme relato de Andrés de Tapia e frei Diego Durán foram encontrados cerca de 60.000 crânios.
Na América do Sul, os membros da tribo Jivaro removiam a pele do crânio e a guardavam num recipiente com areia aquecida para ser encolhida. Outras tribos da bacia amazônica localizadas no Equador e Peru, a prática da caça de cabeças era apenas para serem usadas nos rituais. Outras tribos produziam replicas destas cabeças para vender aos turistas. Apesar da proibição e da reação da sociedade a caça de cabeça ainda era registrada até a metade do século XX.
Em Taiwan era costumeira a prática entre os nativos que muitas vezes avançavam pelos campos aprisionando indefesos lavradores que eram degolados. Apenas na década de 1930 quando a ilha foi ocupada pelos japoneses a prática foi suspensa.
Durante a Segunda Grande Guerra os soldados dos Estados Unidos algumas vezes degolavam os soldados japoneses já mortos, tratavam as cabeças com formol e outras químicas e as levavam como troféus para casa ou vender a colecionadores. O Comando Militar do Pacífico reagiu contra esta prática impondo duras punições aos soldados que fossem pegos com estes troféus.
A revista 'Life' publicou na sua edição de 22 de maio de 1944 fotografia de uma garota americana posando ao lado de um crânio autografado enviado pelo seu namorado que servia a Marinha no Pacífico, causando grande repulsa da população. A degola de inimigos mortos para tomar a cabeça como troféu foi repetida também durante a Guerra do Vietnam.
0 Response to "CAÇADORES DE CABEÇAS"
Post a Comment